No tweet do momento, o Presidente norte-americano escreveu de forma categórica: "Não voltem a ameaçar os Estados Unidos ou sofrerão consequências como poucos conheceram na história. Já não somos um país disposto a aceitar as vossas palavras dementes de violência e morte. Tenham cuidado!".

Isto, num contexto em que os EUA, por vontade expressa de Trump, denunciou e rasgou o acordo nuclear assinado pelo seu antecessor, Barack Obama, em 2015, que tinha permitido levantar a maior parte das sanções impostas a Teerão, nomeadamente o impedimento de venda do seu petróleo nos mercados internacionais.

E foi nesse contexto que o Presidente iraniano tinha dito, em tom de ameaça, que se os EUA enveredassem por um ataque ao Irão, como Israel defende, por exemplo, isso significaria "brincar com a cauda do leão", coisa de que "rapidamente se iria arrepender" porque isso abriria as portas para "a mãe de todas as guerras", tendo antecedido esta frase de uma outra onde lembra que a paz com o Irão é "a mãe de toda a paz".

Neste vai e vem de ameaças, é impossível não sublinhar a analogia com as longas e tumultuosas "conversas" entre Trump e o Presidente da Coreia do Norte, onde, entre outros mimos, o inquilino da Casa Branca disse estar pronto para punir Kim Jong-un comum ataque tão devastador que nunca a história registou coisa igual, ao que ouviu de volta a promessa de corresponder com um "mar de fogo" que afogaria os Estados Unidos da América.

A troca de mimos com a Coreia do Norte, que os especialistas estimar possuir entre uma dezena e mais de 60 ogivas nucleares, tinha por base a questão das permanentes ameças aos aliados dos EUA na região, a Coreia do Sul e o Japão, tendo tudo terminado, para já, com uma Cimeira entre os dois líderes em Singapura, da qual saiu uma vaga promessa de desnuclearização da Península Coreana.

Quanto ao Irão, que não tem, confirmado por especialistas e pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), quaisquer armas nucleares, embora tivesse em curso um programa nuclear até 2015, que garantia ser apenas para fins civis, o que está em causa é a possibilidade de manter a capacidade de produzir armamento nuclear e de o aliado dos norte-americanos na região, Israel, pressionar há vários anos para um ataque concertado a Teerão.

Alguns analistas citados hoje pela imprensa norte-americana, e também no resto do mundo, consideram que Trump, com este regresso às provocações ao Irão, procura tão-somente aliviar a pressão interna por causa da investigação judicial em curso sobre a alegada interferência da Rússia nas eleições que o elegeram Presidente dos EUA e do rescaldo escaldante do encontro recente com Vladimir Putin, que ficou marcado por uma espécie de subserviência de Trump face ao Presidente russo, tendo mesmo voltado a ouvir-se falar de um eventual processo de destituição forçada.