Uma primeira explosão - tendo mais tarde sido confirmadas três detonações - que se veio a confirmar como tendo resultado de um bombista-suicida, pelas 15:00 locais, menos duas horas em Angola, foi seguida da entrada no complexo de um grupo de homens fortemente armados, focados essencialmente no luxuoso hotel DusitD2, onde dispararam indiscriminadamente sobre quem ali se encontrava.

Este foi o último de uma longa série de ataques semelhantes, desde 2011, no Quénia, pelos radicais do grupo islâmico constituído na Somália, Al Shabab, com ligações umbilicais à Al Qaeda.

Momentos após a explosão inicial, centenas de pessoas, muitas delas feridas com gravidade, fugiam para a rua, sozinhas ou amparadas, para escapar ao tiroteio que se intensificava entre os terroristas e as forças de segurança que rapidamente ocorreram ao local.

Apesar de a polícia queniana estar a avançar com o número de 15 mortos - pelo menos um norte-americano está entre os mortos confirmados - a mesma fonte admitia que podiam estar mais corpos entre os destroços resultantes das explosões.

Testemunhas descreviam aos repórteres das agências internacionais que, após a explosão, foram vistos diversos pedaços de corpos humanos espalhados pelo local.

O ataque começou...

Com quatro homens do Al Shabab, fortemente armados, a lançar explosivos contra viaturas no parque de estacionamento do hotel e um deles, com um cinturão de explosivos, a fazer-se explodir, de acordo com o relato da polícia.

Uma testemunha ouvida pelas televisões descreveu os terroristas como estando vestidos com botas militares, t-shirts verdes e outras vestimentas de tom e uso militar, com armas, espingardas automáticas AK-47 e pistolas, bem como engenhos explosivos, entre estes granadas ofensivas.

Todo este arsenal ter entrado sem ser detectado neste complexo hoteleiro de luxo é uma das questões que estão a ser colocadas, comprometendo claramente a segurança do local, deixando ainda a porta aberta para a possibilidade de terem existido cúmplices no interior que facilitaram a entrada dos terroristas no complexo hoteleiro.

Existem ainda informações de que a polícia, ao verificar as câmaras de segurança, constatou que os atacantes tinham estado dias antes no local para o estudar.

Fred Matiang'I, do Ministério do Interior, no rescaldo deste ataque, e após as forças de segurança terem controlado o local e abatido os atacantes, congratulou-se com a resposta rápida das forças de segurança e garantiu que "o terrorismo nunca derrotará o Quénia!".

Habituados aos ataques terroristas

Alguns dos trabalhadores, e hóspedes do hotel, organizaram-se de imediato para criarem um sistema de defesa, barricando-se num compartimento de forma a não permitir a entrada dos atacantes.

Como contaram depois aos jornalistas, foi nesse mesmo local, seguros, que foram encontrados pelos militares e polícias, quando estes entraram no edifício.

O Quénia, nos últimos anos, já sofreu dezenas de ataques protagonizados pelos radicais do Al Shabab, sendo o mais mortífero o ocorrido na Universidade Garissa, em 2015, que fez 142 mortos entre estudantes e professores.

Estes ataques começaram depois de as Forças Armadas quenianas terem feito, em 2011, uma incursão de grande invergadura contra o Al Shabab, na Somália, o que despoletou uma série de juras de vingança contra os quenianos que, como se vê, dura até hoje.

Face a este ciclo de ataques, para os quais o Governo não parece ter capacidade de resposta à altura, estando permanentemente sob acusações de inoperância, as pessoas acabaram por criar mecanismos de resposta rápida para se poderem proteger enquanto as forças de segurança não chegam aos locais.

Bem marcados na memória dos quenianos estão alguns dos ataques mais mortíferos como o que ocorreu em 2013 a um mercado, onde forma mortas 67 pessoas, em Nairobi, depois, em 2014, o mesmo grupo atacou um autocarro de turistas, tendo abatido 28, todos aqueles que não eram muçulmanos, e em 2016, o Al Shabab matou dezenas de soldados quenianos num bem planeado ataque a um complexo militar de forças de paz da União Africana.