Esta posição comum de Luanda e Bruxelas, assumida durante a visita de Didier Reynders, responsável pela diplomacia da antiga potência colonial da actual RDC, surge numa altura em que os bispos católicos congoleses voltam a alertar para a possibilidade de a ausência de credibilidade do processo eleitoral vir a abrir as portas ao regresso da violência ao país.

Recorde-se que as eleições de Dezembro surgem depois de um longo período de indecisão do actual Presidente, Joseph Kabila, onde manteve a dúvida até há pouco tempo se iria ou não forçar uma 3ª candidatura, apesar que a Constituição não lhe permitir tal, e depois de ter conseguido, através de expedientes, prolongar o mandato dois anos para além do calendário normal.

Face a este cenário, Luanda e Bruxelas voltaram agora a reafirmar aquilo que é há muito a sua oposição oficial, que é a de exigir que a votação na RDC decorra dentro daquilo que são as exigências da comunidade internacional e do Acordo de São Silvestre, assinado pela oposição e pelo coligação que elegeu Kabila, a 31 de Dezembro de 2016, no sentido de colocar um ponto final a meses sucessivos de violência, que resultou em centenas de mortos, devido à teimosia de Kabila em se manter no poder.

Apesar de as eleições estarem marcadas, a recusa da justiça congolesa em aceitar a candidatura de Jean-Pierre Bemba, antigo senhor da guerra e senador congolês, com grande popularidade entre os congoleses-democráticos, pode ser um factor gerador de conflitos.

Essa é uma das razões pelas quais os bispos católicos da RDC, reunidos na Conferência Episcopal congolesa, emitiram um comunicado a alertar para o risco de a violência regressar de tal modo que afecte a estabilidade de toda a região dos Grandes Lagos.

Isto, porque os prelados congoleses não encontram vontade suficiente nas autoridades eleitorais para conduzir o processo de modo a evitar desconfianças.