Moise Katumbi (na foto), um dos maiores opositores a Joseph Kabila durante os seus 17 anos de chefia do Estado na RDC, foi impedido pelas autoridades de Kinshasa de regressar ao país para cumprir as formalidades da sua candidatura, alegadamente por causa de problemas com a sua identificação e de uma condenação na justiça congolesa que o próprio considera ter sido um expediente para o manter afastado do boletim de voto.

O antigo governador do Katanga e empresário milionário está há cerca de dois anos exilado na Bélgica, depois de ter sido condenado num processo de contornos políticos, que agora o está a impedir de regressar porque as autoridades de Kinshasa não autorizaram a embaixada da RDC em Bruxelas a emitir um passaporte em seu nome.

Em conferência de imprensa, Jean-Pierre Bemba e Félix Tshisekedi, que a par de Katumbi, perfazem o trio dos principais candidatos da oposição, assinam um documento, com mais dois candidatos, Freddy Matungulu e Vital Kamehre, onde, para além da exigência do regresso do antigo governador do Katanga, querem ver retiradas as máquinas de voto que vão ser utilizadas nas eleições pela primeira vez, rejeitando o voto electrónico por considerarem que este método facilita a manipulação da votação.

Estes candidatos sublinharam ainda que estão em curso esforços para definir uma candidatura única da oposição, como Jean-Pierre Bemba desafiou quando regressou ao país, há escassas semanas, depois de cumprir uma pena de 10 anos de cadeia aplicada pelo Tribunal Penal Internacional por envolvimento em crimes de guerra praticados em 2002 na RCA.

A limpeza dos cadernos eleitorais e a libertação de todos os presos políticos são outras das exigências da oposição, o que pode ser a abertura de mais uma frente de batalha no duro processo eleitoral em curso na RDC.

Recorde-se que só nos últimos dias é que Joseph Kabila saiu da corrida eleitoral, apesar de a Constituição impedir uma 3ª candidatura, nomeando em seu lugar Emmanuel Ramazani Shadary, um antigo ministro do Interior e um fiel auxiliar do ainda Chefe de Estado, que está no poder desde 2016, quando deveriam ter tido lugar as eleições, interinamente depois de dos adiamentos e de um rasto de sangue contando mais de 300 mortos.