A Arábia Saudita é o maior produtor de petróleo do mundo, com um potencial superior a 12 milhões de barris por dia, cerca de sete vezes superior à produção máxima angolana, mas o impacto da queda abrupta do preço do petróleo em 2014 deixou o país de rastos economicamente e a corte saudita foi obrigada a dar início a um processo vigoroso de diversificação da sua economia para se libertar da dependência do crude bem como aplicar um pacote de duras medidas de austeridade que, como se vê, também está a afectar a família real.

Os 11 príncipes detidos pelos serviços secretos sauditas e por ordem directa do Procurador-Geral teve lugar na quarta-feira mas a medida judicial, mas a mais clara indicação de que o reino saudita está a levar a sério as mudanças no país só foi conhecida nas últimas horas pela imprensa mundial.

"Ninguém está acima da lei na Arábia Saudita, todos são iguais e tratados de igual forma", justificou o Procurador-Geral Saud Al Mojeb.

Esta medida é a segunda a afectar um grupo alargado de pessoas influentes no país, depois de em Novembro do ano passado, por ordem e decisão de um comité especializado no combate à corrupção, terem sido detidos dezenas de homens de negócios, ministros e príncipes num hotel da capital, Riade.

Este comité anti-corrupção é gerido pelo próprio Rei Mohammed bin Salman, que está a transformar de forma quase radical a Arábia Saudita, sendo de sublinhar nesta leva de mudanças a permissão para as mulheres conduzirem no país, a descida do rigor nos trajes femininos a cobrir todo o corpo, a quase extinção da polícia de costumes e uma abordagem nova aos visitantes estrangeiros.

Estas mudanças resultam de uma constatação óbvia, a de que o turismo moderno não é compatível com a realidade vivida no país até há pouco tempo e a diminuição da mulher face aos homens não é bem quista pelos visitantes ocidentais, bem como a pouca simpatia burocrática para com os turistas, que agora está a desaparecer.

Para além disso, o reino está a assistir a uma verdadeira abertura social através do fenómeno das redes sociais através das quais a população tem criticado de forma violenta o conservadorismo reinante e as benesses atribuídas às classes mais próximas da corte saudita, sendo a resposta do Rei Salman clara: todos podem ser detidos.