A polícia saiu igualmente em força para a rua, fortemente armada e com disponibilidade, segundo relatos das agências internacionais, para disparar fogo real e gás lacrimogéneo para dispersar os milhares de manifestantes que protestam contra o forte aumento do custo de vida, com destaque para os combustíveis, que, segundo informou o próprio Presidente numa comunicação ao país, subiram mais de 150%, de 1,24 USD para 3,31 USD, no Sábado.

Esta medida, tomada na ressaca de um período de sucessivas falhas no abastecimento de combustíveis, geradas devido à incapacidade do Governo para importar gasolina, foi a gota que fez transbordar a impaciência dos zimbabueanos.

E com isso, surgiam os mais violentos protestos de rua desde que o actual Presidente, Mnangagwa foi declarado vencedor das eleições de 30 de Junho de 2018 contra o candidato do MDC, Nelson Chamisa, substituindo Mugabe na liderança do país sob uma chuva torrencial de acusações de fraude e os subsequentes protestos populares.

Isto levou a que, nas últimas 48 horas, Emmerson Mnangagwa se tenha confrontado com uma forte pressão nas ruas para encontrar soluções e corresponder às suas promessas eleitorais de que iria melhorar a vida das populações com medidas concretas, algumas delas radicais, como a questão melindrosa da lei de repatriamento de capitais ilegalmente extraídos do país e colocados no estrangeiro através da corrupção generalizada que marcou a última década no Zimbabué.

Recorde-se que Robert Mugabe foi deposto em Novembro de 2017 através de um golpe militar justificado pelas chefias das Forças Armadas com a insustentabilidade da situação social e económica do país e também num contexto de luta acesa pelo poder no partudo do poder, a ZANU-PF, protagonizado pela ex-primeira-dama, a excêntrica Grace Mugabe.

Ainda nesse cenário, o actual Presidente, Emmerson Mnangawa, que era vice-Presidente de Mugabe, tinha sido afastado do poder através de um golpe palaciano que teve Grace Mugabe como arquitecta.

Por detrás dos protestos esteve ainda uma greve geral de três dias organizada pelos principais sindicatos do país.

Barricadas nas principais artérias de Harare e outras cidades zimbabueanas, auto-estradas cortadas, lojas saqueadas, esquadras de polícia invadidas, são algumas das situações vividas nas últimas horas, sobressaindo a este caos a morte confirmada de quatro pessoas.

De ontem para hoje, as principais cidades onde surgiram os tumultos observaram uma acentuada acalmia, segundo relatos das agências internacionais.