Carlos Pacheco: Propagandista de Salazar e Oficial Comando - crónica de Artur Queiroz, publicada na edição 610

Carlos Pacheco voltou a ofender gravemente a memória de Agostinho Neto nas páginas do jornal "Público". Desta vez o pretexto foi a Cátedra Agostinho Neto na Faculdade de Letras na Universidade do Porto. Aproveitou também para se ufanar do arquivamento de um processo judicial que lhe foi posto pela família do primeiro presidente de Angola. Esta parte fica já sem pernas para ir da lixeira à fossa, terreno predilecto daquele que se intitula "historiador angolano". Em Portugal ele tem uma companheira de rota que por acaso fez carreira no Ministério Público e é ministra da Justiça. Falo de Francisca Van-Dúnem.

Pacheco insulta e ofende Agostinho Neto para tratar da vidinha. Não tem desculpa. E dado que é reincidente, também não tem perdão. Francisca tem uma desculpa de peso. Seu irmão, José Van-Dúnem, era membro proeminente da direcção político-militar do golpe de estado de 27 de Maio de 1977. É humano que queira limpar a imagem de alguém que é responsável pela morte de centenas de angolanos e dele próprio.

Os golpistas que dirigiu decapitaram o alto comando das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), torturaram e assassinaram o ministro das Finanças, Saidy Mingas, e o director do serviço de informações militares, Hélder Neto. Mas o mais grave foi terem-se servido dos luandenses como escudos humanos, para levarem o golpe até ao fim.

Os golpistas liderados por Monstro Imortal, Nito Alves e José Van-Dúnem queriam assassinar Agostinho Neto. Angola nessa época estava em guerra contra invasores estrangeiros. Longe de mim acusar Francisca Vam-Dúnem de proteger o Pacheco. Mas que em Portugal é protegido, disso não tenho dúvidas.

Agostinho Neto, quando era estudante de Medicina em Coimbra e Lisboa, lutou em Portugal contra o fascismo. Era membro activo do MUD Juvenil. O seu combate pela liberdade dos portugueses e os povos das antigas colónias valeu-lhe a prisão. Esteve mais de dois anos na cadeia da PIDE, no Porto. Quando foi libertado e concluído o internato médico, partiu para Angola com a esposa.

Dezenas de jovens angolanos, de outras colónias e portugueses foram despedir-se de Neto ao aeroporto. Entre eles estava Jorge Valentim e Jonas Savimbi, na época ainda Malheiro. Neto já era o líder dos jovens africanos que lutavam pela liberdade.

Em Luanda foi acolhido por centenas de nacionalistas que eram a base social de apoio da revolta popular do 4 de Fevereiro de 1961, matriz da Revolução Angolana. Diziam eufóricos: Chegou o nosso Moisés! O médico Agostinho Neto começou imediatamente a conspirar contra o regime colonialista. Na sua casa do Kinaxixi apareciam ao fim da tarde figuras como o poeta Mário António ou o padre Joaquim Pinto de Andrade. Quando a polícia política descobriu a conspiração Neto foi preso e encarcerado na prisão de São Paulo.

Agostinho Neto foi deportado para Portugal e novamente enclausurado em Lisboa. Amnistia Internacional e dezenas de intelectuais liderados por Jean-Paul Sartre exigiram a Salazar que libertasse o revolucionário angolano. O ditador tremeu e ordenou que o médico e poeta fosse colocado em residência vigiada. Ficou detido na casa de familiares na Praia das Maçãs. Quando estava preso nas masmorras da PIDE em Luanda ou em Lisboa, Carlos Pacheco fazia um discurso apologético do fascismo e do colonialismo, na varanda do Palácio da Cidade Alta, em nome da juventude angolana.

Não em meu nome, Pacheco! Em meu nome, não! Dezenas de colegas do "historiador" angolano no Liceu Salvador Correia, gritavam bem alto esta frase, no intervalo das aulas. Em resposta, o cobarde agressor de Agostinho Neto inchava o peito e fazia pose de filhote do governador-geral. Era aplaudido freneticamente pelos aspirantes a bufos da Mocidade Portuguesa. Um protofascista juvenil, marioneta dos chefes nazis da União Nacional, hoje chama ditador a Agostinho Neto, o político que ajudou a libertar os portugueses, os angolanos e todo o continente africano.

Pacheco é um ser peçonhento em mutação de primata para verme de lixeira. Quando vomita insultos à memória de Agostinho Neto está mesmo a ser criminoso. A liberdade de expressão na boca de um colonial-fascista é um xingamento, seja a sua vítima quem for. Um cidadão angolano, mesmo que se diga também "luso", tem o dever de respeitar a sua figura.

Agostinho Neto protagonizou uma fuga de Portugal para Marrocos que só foi possível pela sua imensa coragem e com a ajuda do Partido Comunista Português. Durante a viagem marítima abateu-se sobre a pequena embarcação uma tempestade. Neto estava acompanhado da esposa e dos filhos bebés, Mário Jorge e Irene Alexandra. Quando o líder da Revolução Angolana passava por tremendas provações para fugir aos seus algozes, Pacheco recebia as benesses dos colonialistas. Era apontado como um exemplo da juventude fascista do Estado Novo.

Em Rabat foi recebido por Mário Pinto de Andrade, presidente do MPLA, Iko Carreira, comandante da guerrilha, e ainda o moçambicano Marcelino dos Santos figura importante da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas. O líder do MPLA convocou uma reunião e disse a Neto, então presidente de honra, que renunciava à liderança do movimento, a seu favor.

Agostinho Neto recusou. E pôs como condição para aceitar encabeçar uma lista candidata à presidência do MPLA, se o Comité Director do movimento convocasse eleições. E assim se fez. Pacheco, quem tem esta prática política é um ditador? Em Leopoldville (Kinshasa) reuniu a direcção do movimento. Viriato da Cruz apresentou uma lista apoiada pela ala maoista. A lista de Neto tinha o apoio de Mário Pinto de Andrade e das principais figuras da direcção. E venceu por números esmagadores.

O presidente eleito propôs a Viriato da Cruz que integrasse a nova direcção, como número dois. Neto queria acima de tudo a unidade nacional contra o colonialismo. Mas a sua proposta foi recusada. Alguns dias depois Mobutu expulsou os dirigentes do MPLA e os militantes. Mandou encerrar as instalações, inclusive as casas que habitavam. Atravessaram o rio Zaire para Brazzaville e aí Agostinho Neto refundou o movimento.

Em Leopoldville Viriato da Cruz, Matias Miguéis e os militantes maoistas aderiram à FNLA. Neto pôs o então distrito de Cabinda a ferro e fogo, tentou reforçar a I Região nos Dembos, mas as tropas de Mobutu sob a capa de guerrilheiros da FNLA, atacaram e desbarataram as colunas do MPLA. Decidiu abrir a Frente Leste.

Quando Neto comandava a guerrilha no Leste de Angola e os guerrilheiros do MPLA avançavam rumo ao Planalto Central a fim de abrir, partindo dessa posição, uma frente para o mar, Carlos Pacheco estava a treinar técnicas para matar camponeses angolanos. Conseguiu cumprir o objectivo da sua vida. Foi para a cidade do Huambo (Nova Lisboa) frequentar o curso de oficiais milicianos. Acabou a primeira fase do curso de oficiais com nota muito elevada. Por isso, ofereceu-se como voluntário para o curso de Comandos.

Uma comissão constituída por oficiais do Regimento de Comandos, em Luanda, foi entrevistar os voluntários. Quando perguntaram ao "historiador" Carlos Pacheco porque queria ser Comando, ele encheu o peito e disse ao que ia: - Para matar e massacrar. Depois do assalto, o fogo e a seguir o massacre.

É este mabeco tinhoso e lazarento com figura de gente, que se atreve a insultar a memória de Agostinho Neto, chamando-lhe ditador sanguinário.

O oficial Comando Carlos Pacheco matou todos os que lhe apareceram pela frente e não viviam à sombra da Bandeira Portuguesa. Fez correr muito sangue, a tiro ou à punhalada, de angolanos inocentes. Um assassino monstruoso? Ele diz que era apenas um bom oficial dos Comandos. De facto, não é a mesma coisa.

O "historiador" Pacheco foi guerrear para Moçambique e só voltou a Luanda, sua cidade natal, muito depois do 25 de Abril de 1974. Mas em Julho desse ano, dezenas de antigos oficiais, sargentos e praças dos Comandos, que foram seus camaradas de armas, abandonaram a tropa portuguesa, entregaram as fardas, ficaram com as armas e foram proteger as populações dos musseques de Luanda que estavam a ser massacradas, noite após noite, pelos esquadrões da morte. Eram organizados pelos restos do regime salazarista, pelo banditismo político que Carlos Pacheco admirava e elogiava publicamente.

Esses antigos camaradas de armas do "historiador" fundaram a unidade especial "Corvos ao Imbondeiro" e foram decisivos no combate às tropas invasoras no Norte de Angola. Alguns morreram em combate. Outros ficaram feridos. Mas todos combateram sob as ordens de Agostinho Neto, o comandante dos comandantes, até à Independência Nacional. Nessa altura, Carlos Pacheco estava a maquilhar-se de historiador, bem longe dos campos de batalha. Nada fez pela libertação de Angola. Pelo contrário, foi um matador de camponeses indefesos e um propagandista convicto do regime salazarista. É este subproduto da ganga colonialista que ousa chamar ditador sanguinário a um libertador.

Pacheco é um abusador, porque tem protecção dos que são pagos pelo Estado Português para punirem todos os crimes contra o direito à inviolabilidade pessoal. Os vermes têm uma atracção imparável pelo lixo. Mas é inquietante ver na lixeira agentes da Justiça.

O autor de Sagrada Esperança é um dos nomes fundamentais da poesia de Língua Portuguesa e a sua obra tem dimensão planetária. Isso justifica a Cátedra Agostinho Neto na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Portugal há muito devia esta homenagem ao poeta, ao libertador e ao amigo. O "historiador" Pacheco morde os calcanhares dos que prestaram homenagem à sua suprema arte poética.

Agostinho Neto foi vítima de um golpe de estado desferido por alguns, muito poucos, dirigentes do MPLA. Os golpistas estavam ao serviço dos mentores da "Operação Cobra" também chamada "Operação Natal em Angola". Os chefes militares estrangeiros eram oficiais formados nas academias militares do Reino Unido e França. A CIA coordenou tudo. Os golpistas foram derrotados e houve muitas detenções. Pacheco foi um deles. O Presidente Neto quando soube que estavam alguns intelectuais e jovens quadros presos, nomeou uma comissão civil para averiguar se havia razão para os manter presos.

Ouvidos os detidos, foi concluído que deviam ser libertados. O Presidente Neto deu ordens para a libertação imediata desses angolanos. Um deles foi Carlos Pacheco. Depois ajudaram-no a brasonar-se com o título de doutor, no Brasil. Deve tudo a Agostinho Neto. Paga com calúnias e insultos. E há angolanos que pagam essas acções criminosas. Luanda paga principescamente aos traidores do seu general.

O culto ao messianismo de Agostinho Neto, um entrave à democracia e à reconciliação nacional - crónica de Carlos Pacheco, publicada na edição 612

Continuo a ser satanizado e acusado de hastear bandeiras de ódio contra o MPLA e de construir histórias imaginárias e destrutivas do "passado glorioso" desta organização e do seu antigo Presidente Agostinho Neto, e assim enganar os leitores. É tal a envergadura dos doestos e calúnias com que se sacrifica o meu nome, que só falta catalogarem-me de "inimigo do povo", reduzirem os meus escritos a fogo e cinzas e cingirem-me uma argola de ferro à volta do pescoço à semelhança do que faziam os regimes obscurantistas e tirânicos do antanho.

Só no cérebro desta chusma de detractores é possível medrarem insolências tão espantosas e desprezíveis. Que fui um partidário do regime salazarista e outras sandices do mesmo calibre. Todo este magma de toxidade e delírio espelha bem a índole de quem se sente incomodado com os novos estudos de revisão da história da luta de libertação nacional em Angola que pacientemente tenho estado a pôr de pé. Pedra a pedra, como quem levanta uma catedral gótica com as suas abóbadas que desafiam o engenho do construtor.

A este método de desqualificação da minha obra dá-se o nome de falácia ad hominem. Significa que, na falta de argumentos e provas consistentes para se rebater o que escrevi, se pretende atingir o autor na sua essência, assassina-se a sua reputação e lança-se o seu nome nas fogueiras do descrédito. São estas as veredas discursivas e ominosas escolhidas pelos meus detractores com o intuito de me destruírem e exporem-me ao furor das turbas.

Desenganem-se os meus detractores e os seus amos se pensam que me intimidam no meu combate pela valorização do conhecimento racional, pela crítica ao dogmatismo e aos revisionismos da História ditados por interesses ideológicos de partido, de fundações e de seitas religiosas. Nunca selei transacções com nenhum poder político, nem subverto os meus princípios a interesses espúrios nem a interesses miseráveis que envolvam dinheiro e outros bens materiais. Para quem conhece de perto o meu estilo de vida, sabe que levo uma existência bem simples, de estudo permanente, bem longe do que se poderá chamar de desafogo material. Não sigo o exemplo da história trágica do doutor Fausto, de Marlowe, que vendeu a sua alma a troco da juventude, de volúpias e grandezas mundanas. Apenas vivo para os grandes combates pela História. A todos os despautérios e acusações com que me dardejam conforta-me responder com as mesmas palavras de um vulto da esquerda liberal portuguesa do século XIX que tanto aprecio, José Estêvão, que na Câmara dos Deputados a 11 de Junho de 1841 declarou alto e bom som, sem rodeios: «eu sei perfeitamente a distância que me separa do Poder; comprazo-me com essa distância e hei-de fazê-la crescer cada vez mais». Esta é, pois, a minha divisa: distante de qualquer poder ou grupos de influência.

O culto ao messianismo de Neto não é apenas algo de entranhável em determinados círculos do partido dominante, tomou proporções iguais às de um culto religioso. Criou-se em torno da memória de Neto uma espécie de Sagrada Escritura em cujas páginas se narram as excelsas e indeclináveis virtudes políticas, pessoais e literárias daquela personalidade. Os seus promotores, indiferentes a tudo, persistem em impor ao país uma visão irreflexiva e patológica da História e, como tal, adornam a imagem de Neto de tintas fantásticas. Fazem dele o "homem providencial", o "Escolhido", uma sacralização que tem servido de arma de intimidação para silenciar os estudiosos. Tentar discutir com estes sacerdotes as suas irredutíveis "teorias" tem para eles o sabor de blasfémia. Logo brandem punhais de acusação contra os "libertinos" teóricos e práticos que, no conceito deles, ofendem a poderosa imagem de Neto e subvertem as sagradas colunas do MPLA.

Advirta-se que não é minha intenção diluir a importância histórica e as qualidades humanas de Neto e muito menos perverter a corrente de máximas, ritos e cultos doutrinários e históricos do Partido-Estado. Unicamente me interessa discutir as adulterações da História, sem pruridos e, sobretudo, longe do furor de facções e de uma certa "teologia" netista que invadiu os claustros académicos.

Neto cometeu gravíssimos abusos de poder. Em vez de embriagadores cockails de propaganda, a construção da democracia obriga a que estes atalhos sombrios da História sejam desenterrados e debatidos. Por um espaço de cerca de três anos Angola viveu um ciclo infernal de ilegalidades políticas e jurídicas. Agentes do Estado e do Partido assumiram-se no papel de terroristas políticos e deram asas ao que de pior se pode imaginar em termos de perseguição e selvagismo contra milhares de militantes do MPLA. O país viveu meses a fio petrificado por campanhas de terror. Assassinatos, desaparecimentos forçados e torturas.

No entanto, a tragédia é relativizada pelos cultores do messianismo de Neto. Toda uma geração de jovens quadros foi cruelmente devorada pela paranóia vingativa de Agostinho Neto; toda uma geração da velha guarda, símbolo da nata pensante do Movimento, como Gentil Viana, Fernando Paiva, Rui de Castro Lopo, irmãos Pinto de Andrade e outros, foi sepultada em calabouços e covardemente torturada pela mão cruenta da ditadura. Tais cultores do messianismo, não obstante estes dramas, aferram-se aos seus exclusivismos partidários e desejos particularistas e desprezam sobranceiramente os factos que dão peso e densidade àquela barbárie institucionalizada. Pior ainda: despidos de qualquer decoro, negam as chacinas e usam a ironia para troçar das descrições que apresento nos meus livros acerca do "lado vil da civilização carcerária" do MPLA (em cujas catacumbas testemunhei os piores pesadelos e brutalidades). E sequer externam o mínimo respeito pela memória das vítimas. Nem os direitos humanos sacrificados na fogueira dos crimes de lesa-humanidade lhes merecem um resquício de comiseração e simpatia.

Svetlana Alliluevya, filha de Stalin, um dia grafou estas palavras referenciais para descrever o peso do mito representado pelo seu pai, que governou a URSS a ferro e fogo: «Ele foi-se, mas a sua sombra permanece. Ela nos diz o que fazer e nós obedecemos». Os apaniguados do messianismo de Neto de algum modo perpetuam esta mesma tendência esquizofrénica.

O 27 de Maio representa, pois, um monstruoso processo que os mais altos poderes do MPLA e do Estado não podem mais ignorar. O mesmo serve para a Fundação Agostinho Neto, que porfia em campanhas de revivalismo e de liturgias para engrandecer a figura do seu patrono, ao mesmo tempo que faz esbater os seus crimes políticos. Insistir na tese de que Neto se avantajou como personagem histórica e libertou o seu povo significa conformar a sua imagem a um reducionismo grosseiro. E o resto das suas acções onde ficam?

José Gaspar de Francia, que foi o primeiro ditador revolucionário da América Latina, também reluz no firmamento das grandes figuras políticas mundiais por ter conduzido o seu povo, o Paraguai, à independência e à soberania nacional com o apoio das massas populares. De um país pequeno, ele transformou o Paraguai num dos Estados mais avançados do Hemisfério no século XIX. Entretanto, tomado pela "obsessão do Absoluto", como diz o escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, ou pela tentação do Poder Supremo com todos os abusos inerentes (entre os quais a "religião do Eu" ou o culto da personalidade), Gaspar de Francia instaurou uma das ditaduras mais sangrentas de que há memória.

Aonde se quer chegar com esta cruzada de "reciclagem cultural" e de esquecimento? Onde querem chegar os moinhos de ódio dos meus detractores? Tudo faz supor que os arautos do messianismo acreditam na grandeza das suas intenções. Pois, façam o que fizerem no seu frenesim de multiplicar dardos contra os estudiosos que lhe são antipáticos e até os exasperam, existe um princípio irrebatível que eles teimam em desprezar: o pensamento histórico não é estático, move-se como a Terra à volta do sol. Por isso, ninguém, mas ninguém mesmo, «conseguirá bloquear a estrada que conduz à verdade», como diria o historiador russo Alexander Solzhenitsyn.

Post Scriptum: A babugem de ódio dos meus detractores é tão vil que nada os inibe das piores indignidades. Sem dúvida, fui oficial da tropa especial "Comando" no Exército português. Jamais o escondi desde a primeira hora. No retorno a Angola em Março de 1975, depois de estudos universitários no Brasil, de imediato tomei partido pelo MPLA. Fui convidado a colaborar com as cúpulas da ODP (Organização de Defesa Popular), atenta a minha antiga experiência de militar instrutor. Nos meses que antecederam a proclamação do 11 de Novembro, ajudei a preparar os planos de defesa da cidade de Luanda contra invasões estrangeiras, nos bairros, nas fábricas e demais centros nevrálgicos. Fui louvado pelo comandante "Bula Matadi", do Estado-Maior das FAPLA, que detinha a superintendência sobre a ODP. E os meus detractores onde estavam nessa altura? n