Na vida como na política, as pessoas são obrigadas a fazer opções. Umas são óbvias. Quantas vezes, as mais difíceis de concretizar. Outras, pouco luzidias, obedecem sempre a interesses discutíveis, invariavelmente mais fortes que a vontade dos decisores, porque sujeitas à lógica das prioridades eleitas. Contudo, as que não se acobertam com o ónus da justificação acabam, por vezes, e muito tarde, por se mostrar inválidas, miseráveis. As entidades que optam pelo óbvio, normalmente atendendo à competência, transparência e qualidade dos actos e dos processos, acabam por conseguir ganhar muita coisa. Fundamentalmente, lugares de relevo na vida, pela postura, quantas vezes na história, pelas conquistas alcançadas por via dessas opções. É, pois, nessa perspectiva, que a vida das pessoas se baseia num conjunto de escolhas, umas boas e outras más. Se bem nos lembramos, até o acordo ortográfico é uma questão de opção.
Firmado nesta filosofia de vida, eu penso que não seja óbvio desatarmos todos a correr atrás da vozearia apregoadora de que os valores morais estão mortos e enterrados na nossa sociedade; também não pode ser óbvio o embarque atropelado na famigerada carruagem que nos conduz à estação sem apeadeiros, onde erradamente se divulga que a imoralidade tomou conta dos nossos comportamentos e que já nada salva a educação angolana; que ela é, de todo, uma desgraça; não percorremos o caminho do óbvio se formos aos tropeções por essa estrada escorregadia e perigosa. Se persistirmos nessa teimosia, então mais vale desistirmos de tudo, será melhor deixarmo-nos levar, a deslizar, serenamente, pela correnteza desses trilhos do desespero e mau agoiro.
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