Quem for do meu tempo recordará certamente como o regime colonial português usava os mais variados artifícios, entre eles o da famigerada política da psicossocial, para mascarar a sua ideologia. Impunha hábitos às populações, principalmente às massas juvenis que andavam carregadas de dúvidas, na tentativa de menorizar o impacto da luta de libertação nacional dos povos africanos. Tentava-se dar uma ideia de normalidade de vida, enquanto se promovia a chamada portugalidade. Acontecia, tanto na metrópole como nas "províncias ultramarinas".

Com escassa credibilidade no concerto das nações, dificilmente conseguia vender para o exterior o produto das suas ideias. Porque o mundo se transformava e o mercado fechava-se cada vez mais, não havendo argumentos que valessem ao colonialismo. Foi nesse clima que se fez notar na engrenagem da política portuguesa, com propósitos claros, o poder e a influência da Agência Portuguesa de Revistas, uma editora criada em 1948, notabilizada pela edição de uma grande variedade de livros e revistas, publicações destinadas a preencher espaços de leitura para público influenciável. Lembro-me de algumas das suas muitas colecções, como "Arizona", "Búfalo", "Detective", "Orquídea", entre outras. Destaco ainda a revista "Plateia", da qual me tornei assíduo leitor, que tratava do cinema e do espectáculo no geral, bem como de um conjunto de outros títulos dedicados às questões femininas dedicadas às modas, bordados e costuras.

A banda desenhada tinha também o seu espaço reservado e um largo quinhão de importância. Vêm-me à memória essas publicações, mas o "naipe" era bem mais vasto. Havia uma colecção muito especial, denominada "FBI".

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