É verdade que podem ser muito úteis em determinados momentos mas é preciso saber utilizá-los de forma inteligente. E depois, obviamente, descartá-los logo que possível, porque os prejuízos que podem causar, individuais e colectivos, acabam por minar os alicerces de qualquer projecto em que estejam integrados. Normalmente não têm um pingo de formação consistente. E em reacção a essa clara desvantagem, maquinam perversidades sem fim, desde que estas sirvam para abrir caminho aos seus intentos. Normalmente desconhecem o que sejam valores como o profissionalismo, o respeito pelo esforço dos outros, o sentido colectivo do trabalho e, assim, recorrem ao mais fácil. Diminuir os melhores, os mais sérios, os que se mais se entregam às suas responsabilidades e que, em consequência, não têm mecanismos de defesa que não sejam a qualidade do seu trabalho e a independência de espírito, o que não lhes deixa tempo para congeminações nem para se perderem nos caminhos ínvios de assassinatos de carácter. Este tipo de gente foi fundamental na governação anterior. Entre a acefalia e a ausência de coluna vertebral, entre as mentiras combinadas e a mais profunda ignorância, soube desde sempre viver no limbo, andando para a frente e para trás consoante as suas próprias conveniências, queimando uns aqui, outros acolá, pegando fogo e surgindo logo a seguir como bombeiros dispostos a "dar a vida" pelos incêndios que ateavam.

Como não desaparecem, nunca desaparecem, mesmo porque mudam de camisola de acordo com quem esteja com o poder nas mãos, facilitam o conhecimento de alguns dossiers e, com completo despudor, desmentem hoje o que disseram hoje e são bem capazes de, amanhã, jurar pelo que há de mais sagrado que nunca o fizeram.

Mantendo-se sempre à tona, acabam por ter muito mais poder do que seria aconselhável para alguém que, sem cérebro, sem moral e sem um pensamento que se conheça, disseminam-se com demasiada facilidade. E são bem capazes de tentar destruir quem quer que seja, desde que lhes permita manterem-se nos seus lugares, defender os seus privilégios e garantir principalmente que não se consuma o "perigo" dos melhores ocuparem lugares de relevo, o que permite a quem os possa dirigir concluir com relativa facilidade que são prejudiciais, nocivos e perigosos para qualquer género de transformações que se queiram efectivar.

A perversidade está aí. Batem palmas a quem tem o poder, e são os primeiros a desancar em quem aplaudiram, aconselharam e engraxaram anos a fio. Os sorrisos de circunstância, as vénias envenenadas, a faca pronta a ser espetada nas costas de quem lhes deu lugares e funções de responsabilidade enganam muitas vezes os mais ingénuos, os mais incautos. Mas não nos podem enganar a vida toda. Sendo gente para quem o essencial é a manutenção dos seus direitos, esquecem-se, em razão da mais absoluta falta de inteligência e por descuido, dada a facilidade com que se movimentam, que em determinados momentos e ao fim de tantos anos já não é possível manterem nem sequer a aparência da pobreza de espírito, da javardice e da alarvidade dos seus actos. É preciso atenção. Porque eles continuam a andar por aí.

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