Um exemplo claro é a maioria das festas. Quaisquer. Desde um casamento a um funeral, passando pelos aniversários das crianças, ou até daquelas que ainda o não são, mas que já são motivo para despesas (como os chás de bebé). Já não basta juntar aqueles que amamos, ou com quem temos uma relação especial, para se comemorar qualquer destes eventos: é preciso criar um ambiente de ostentação que serve para afagar o ego de quem o promove, e pretende com tal alicerçar uma imagem de pessoa de sucesso. O cúmulo foi a festa dos milhões, na marginal, mas esse foi só o evento mais badalado. As estórias de angolanos que desperdiçam recursos, numa orgia consumista, aqui, ou no exterior, são abundantes. E qualquer criancinha cujos pais tenham tido a possibilidade de a colocar numa instituição privada de ensino exige dos mesmos uma festinha com os adereços que vê nas dos aniversários dos colegas para a qual é convidada. E se não os tem (na falta de uma educação adequada), sentir-se-á diminuída.

O minimalismo procura combater o desperdício. É, clara e correctamente, contra o consumismo. É importante perceber que não advoga a escassez ou o desconforto. Apenas insiste em promover hábitos que obriguem as pessoas a fazer uma simples pergunta antes de adquirir (ou manter) qualquer produto ou assumir qualquer compromisso: "preciso realmente disto?" A constatação é que há uma franja da sociedade, que esbanja em produtos de que não precisa, perde-se em compromissos que não a enriquece, e que, na maioria das vezes, nem sequer a satisfaz. E isso à custa, não só de dinheiro (que muitas vezes não tem), como também de tempo, que seria muito mais bem empregado noutras actividades mais enriquecedoras. O desejo de ter mansões (das quais apenas utiliza uma pequena parte), repletas de objectos (para os quais nem olha, e que ali estão para procurar estabelecer algum status), com uma agenda social sobrecarregada (na maioria das vezes para estar com pessoas que pouco significado tem para ela), e seguindo a pauta de uma sociedade consumista que a faz ter programas de moda (que são estabelecidos não porque é aquilo que deseja, mas porque é o que se espera dela), é a sua prática mais comum. E isso não a faz feliz, porque o princípio básico da sociedade de consumo é precisamente criar uma sensação de insatisfação permanente no cidadão, para que ele seja o que este tipo de sociedade preconiza: um consumidor. As consequências são as que podemos constatar: não só pessoas insatisfeitas, alvo fácil das depressões que assolam esses grupos sociais, como um enorme desperdício de recursos, deles e do planeta, que levam a uma insustentável crise social, e ambiental.

O minimalismo, por tudo isso, impõe-se. Não só para que ajamos como seres racionais, não nos deixando arrastar pelo que nos querem impor - como eventos criados apenas para aumentar o consumo (dia dos namorados, Black Friday, dia das bruxas...)-, mas também para nos dedicarmos ao que consideramos ser verdadeiramente importante. E assim, diminuímos a poluição, poupamos recursos naturais (que não são ilimitados), reduzimos a ansiedade, e poderemos ser mais nós próprios.

A humanidade agradecerá, e o planeta também.