Depois de um jantar com os amigos, o vizinho Hackberry vinha a pé de regresso a casa, quando apanhou um ataque cardíaco. Caiu numa vala; o seu corpo foi descoberto e a Polícia alertou o público, através da televisão local, de que alguém tinha encontrado numa vala o corpo de um desconhecido. Era o nosso Hackberry.

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Quando mudámos para esta área, ainda tínhamos o hábito de dar festas (sobretudo no período das festividades) bem barulhentas. Convidávamos os amigos africanos para grandes convívios. Uma vez, a música estava bem alta e ouvimos o vizinho a bater à porta. Fui logo pedir desculpas. Afinal, ele e a sua esposa [entretanto igualmente falecida] estavam zangados porque não tinham sido convidados mais cedo para também virem dançar.

Quando pusemos a tocar uma música do Urbano de Castro, os tios angolanos dançavam de olhos fechados, pensando nos velhos tempos aí na terra, o vizinho Hackberry entrou no meio da roda e começou a dar os seus toques de cowboy.

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