Milhões de cidadãos, mal preparados e que vão passando os olhos e abrindo os ouvidos por notícias fortuitas enquanto discutem futebol, vão acreditando no que vai sendo dito sobre a Síria. Por todas estas razões, mas também porque o lobby das armas nos EUA, exige ao seu "mordomo" que os ponha a facturar com a máxima urgência. Foi essa uma das contrapartidas para a eleição de Trump. A indústria pesada norte-americana não pode parar de facturar. Escolhendo órgãos de informação alternativos, deparamo-nos, por exemplo, com notícias como esta: Na cidade de Douma, onde foi anunciado o uso de armas químicas por parte do exército sírio, sempre com o apoio do "papão" russo atrás, podem ver e ouvir-se vários médicos sírios dizerem que "não trataram de nenhum vítima do alegado ataque". O general Viktor Poznikhir, do Estado-Maior russo confirma que as forças armadas russas estão a concluir a sua operação humanitária maciça conjuntamente com as forças governamentais sírias". E que "aguarda peritos independentes que se desloquem à zona para investigar o suposto ataque..."

Esquecemo-nos muitas vezes da situação real dos países que se apressam a apoiar os norte-americanos. Na Inglaterra, a braços com uma crise interna - as eleições que determinaram o Brexit foram "falsificadas", Theresa May, a mais feroz aliada de Trump, tinha de inventar externamente situações que fizessem acalmar os ingleses. E veio o espião russo e a filha, que foram envenenados pelos russos mas não foram envenenados pelos russos como depois os próprios laboratórios britânicos confirmaram. Agora a Síria, que, como mostrámos no nosso semanário há alguns números atrás, é fundamental para a estratégia dos EUA na região. Nada mais fácil de entender que o apoio inglês a mais esta trumpalhada. A intoxicação, sempre foi uma arma fundamental dos media ocidentais. E os mais crédulos acabam por acreditar que esta é mais uma acção benemérita de um país que há séculos vive de assaltar, espoliar, invadir e chacinar outros povos: Os Estados Unidos da América.

Os mesmos que se preparam para apoiar qualquer tentativa militar de tomar o poder no Brasil. Numa aliança que vem desde antes do golpe fascista de 1964, os militares brasileiros de direita, a alta finança e figuras defensoras de um regime ditatorial, impulsionaram a condenação de Lula da Silva. Horas antes do anúncio da decisão do STF, foi possível ouvir-se uma alta patente brasileira "avisar" os juízes de que a sua acção "estava a ser acompanhada". Prenderam Lula, é verdade, mas acreditamos que a situação não se vai prolongar por muito tempo. A força popular e das classes médias no Brasil não é como a dos europeus ou dos norte-americanos.

Para quem já leva alguns anos de vida e de experiência e com algum interesse nestas matérias, é fácil descortinar o que se vai passando. A América do Sul vai, cada vez mais, regressando ao arco de influência dos EUA, a Europa do Leste vai elegendo partidos racistas e xenófobos, a Europa Ocidental está entregue a uma União Europeia desorientada, sem rumo, sem norte, como a deixou em herança Durão Barroso, lembremos, o mordomo da primeira reunião que juntou Bush Júnior, Tony Blair e Aznar para a mesma estória. Era o Iraque que tinha armas de destruição massiva, em 2003. Depois de o destruírem, depois de alterarem todo o equilíbrio que havia na região, vieram a público dar a conhecer que era falsa a teoria da existência de armamento desse tipo no exército de Sadam Hussein. Fizeram o mesmo na Líbia, no Afeganistão. Como já o tinham feito com o Vietname. Como fazem há décadas com Cuba.

Mas alguém de bom senso, com um sentido razoavelmente inteligente e de cultura geral média, pode acreditar nestes criminosos de guerra? O imperialismo não acabou, nunca acabou. Veste-se de diversas formas mas os objectivos são sempre os mesmos. O que nos vale são a Rússia e a China...