Quando começámos a exercer esta profissão, alguns e algumas dos que nos pegaram pela mão foram-nos logo avisando que estávamos a escolher um caminho ingrato, íngreme e raramente propenso a simpatias ou a compreensões para lá do óbvio. Dado ser um dado adquirido que a esmagadora maioria das pessoas se fica pelo imediato, pelo sensacionalismo barato e até já, perigosamente pelas notícias bombásticas mas falsas, para usar em português a expressão "fake news".

Desde o princípio deste projecto que ficou claramente estabelecido que o nosso compromisso era com a sociedade angolana e com as nossas consciências. Não seria nunca com alguém em particular. Quando muito, seria, como é natural, fruto da caminhada de cada artífice do jornal, das nossas vivências, dos nossos princípios e das teorias que fomos, de forma diferente, estudando e comparando com a prática quotidiana que tínhamos e temos à nossa frente.

Daí que tenha acabado por surgir naturalmente a ideia de criar um projecto que homenageasse, através de um corpo de jurados prestigiado e respeitado e com o respaldo de uma votação pública e aberta a todos os interessados, figuras públicas que, correspondendo às diversas editorias que o jornal tem, reflectissem a importância que é celebrar a excelência, cultivar o elogio e tentar ajudar a quebrar o mau hábito do "bota-abaixo", que é, generalizadamente alimentado entre nós.

Entre a Política, a Sociedade, a Cultura, o Desporto e a Economia, fizemos a escolha rigorosa de um júri de provas dadas que, por sua vez, escolheu um leque de três candidatos de cada área, submetendo depois esses candidatos à possibilidade de serem votados online.

Interessante como as escolhas finais, pela sua diversidade, demonstram como é possível aprendermos - ainda que seja um caminho longo, é verdade - a viver no pluralismo, na diferença, aceitando que quem discorda de nós, qualquer que seja o campo em que estejamos a discutir, não é forçosamente nosso inimigo. Evidentemente que, como em todo o tipo de realizações do género, uns estarão de acordo, outros não. Mal de nós se estivéssemos todos de acordo relativamente a tudo nesta vida. Como diria alguém, se todos gostássemos do amarelo não haveria nem vermelho nem azul..

Foi a escolha iniciada por quadros sérios, competentes e respeitados no nosso País, até pelo seu próprio curriculum. E foi a escolha final ditada pelos leitores que, exercendo o seu direito, foram escolhendo quem mais lhes agradava, ou quem entendessem teria mais valor para figurar entre os premiados.

Cremos que em todas as áreas disputadas, acabou por haver um grande consenso quanto aos vencedores. Mesmo sabendo que tinham ao lado concorrentes igualmente merecedores e perfeitamente à altura de vencerem igualmente.

As vitórias de Demarte Pena no Desporto, do SINPROF na Sociedade, do Prof. Alves da Rocha na Economia, do escritor José Eduardo Agualusa na Cultura e do Presidente João Lourenço na Política, que também acabou por vencer o Grande Prémio Personalidade do Ano, reflecte o que os votantes decidiram, enquanto o tempo estabelecido pelo regulamento lhes permitiu exercer esse direito.

Quanto a nós, continuaremos este caminho. Enquanto entendermos que somos necessários, que podemos ajudar à construção de uma sociedade mais inclusiva, que respeite as diferenças e que se decida a ter cada vez mais voz nesta luta contra o sub-desenvolvimento, estaremos aqui. Sempre.