Quando eu era kandengue, como muitas outras crianças, fui à escola, conquistei amigos, joguei à bola e caminhei muito pelas raras ruas da vila. Calcorreei o Mussafo e o Cassequel de cima a baixo, com a mesma satisfação com que, num período mais remoto, me perdia em brincadeiras nas frondosas sombras das muitas espécies que enchiam o pomar da família Calado, mantido vivo sob a liderança do avô Pedro.

Anos mais tarde, fiz idêntico exercício nas vielas do íngreme cafezal de recente plantio, obra do meu pai, na nossa Fazenda Amélia, em Ndalahuso.

Passado tanto tempo, recordo agora, entre mil lembranças, o quanto me angustiava a triste sorte daqueles bois que, à quinta-feira e ao sábado, num ritual associado à morte bárbara, eram conduzidos em manada para o matadouro, situado mesmo em frente da nossa humilde casa. Era uma triste sina que eu adivinhava nos desesperados mugidos, nos olhares tristes e nas orelhas caídas dos animais a rumar em movimento lento para o abate, para o cadafalso.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)