Li outras opiniões que convergem, na sua maior parte, na ideia de que o importante do discurso de João Lourenço foi pretender ganhar credibilidade para Angola e procurar a confiança necessária para que investidores e instituições internacionais possam contribuir para a recuperação da economia. Para o nacionalista angolano Adolfo Maria - a quem, inexplicavelmente as instituições angolanas continuam a negar um passaporte que lhe permita, por exemplo, visitar o país pela independência do qual deu a sua juventude - o Presidente quis deixar claro que o capitalismo angolano seguirá as regras do sistema capitalista mundial, sendo que as circunstâncias obrigam o Executivo angolano a diversificar o investimento e a assistência técnica de que precisa. Por isso, é inevitável manter a estreita parceria com a China e, no campo ocidental, é correcto privilegiar as relações com a Europa, que tem tradicionais ligações a África e largo know-how relativo ao continente, parece ser mais previsível que os Estados Unidos da América na sua política externa e, acrescento eu, pode aportar referências importantes que derivam dos aspectos positivos do seu modelo de Estado Social, que, apesar das falhas que lhe são apontadas, é, a meu ver, o mais avançado da actualidade. Por sua vez, o economista Ennes Ferreira, reconhecendo a gravidade da situação no país, usa os mesmos argumentos e exorta Angola a aderir ao EITI (Iniciativa pela Transparência das Indústrias Extractivas), um instrumento de credibilização interna e internacional que existe desde 2003 com o objectivo de promover a prestação de contas à sociedade.

* Título de um livro de poesia de Ruy Duarte de Carvalho

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