Francisco Queiroz, aos microfones da RNA e citado também no Jornal de Angola, disse mesmo que, durante o decorrer daquele contexto histórico que ficou conhecido pelo 27 de Maio, ocorreram "prisões e execuções sumárias".

O governante sublinhou que esta realidade é importante ser lembrada para que não volte a acontecer, contrastando de forma nítida este posicionamento do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos do Executivo de João Lourenço com a postura do anterior Governo sob o comando de José Eduardo dos Santos.

O 27 de Maio, data que serviu para dar forma histórica a um dos períodos mais violentos da história de Angola enquanto país independente, surgiu do movimento que ficou conhecido por "Fraccionismo", que teve como rosto Nito Alves, então dirigente de topo do MPLA e ministro do Interior sob a Presidência de Agostinho Neto

Após consumado o fracasso da acção de Nito Alves, para o qual as forças militares cubanas que estavam em Angola foram relevantes, seguram-se largos meses de perseguição aos aliados de Nito Alves, tendo resultado na morte de milhares de pessoas e na detenção de outras tantas, de forma arbitrária, pensando-se que entre estes foram arrastados muitas vítimas de vinganças pessoas sem quaisquer ligações ao momento político-militar e ao movimento de fracção.

Sobre este período histórico angolano, Francisco Queiroz, em resposta a uma das mais persistentes questões relacionadas com o 27 de Maio, adiantou que vão ser criadas condições para que as famílias dos desaparecidos, presumivelmente executados e feitos desaparecer naquele contexto político-militar, possam resolver os problemas resultantes do facto de nunca terem obtido uma certidão de óbito válida legalmente.

Mas advertiu para a existência de dificuldades técnicas relacionadas com a identificação de restos mortais que tenham sido encontrados ou possam vir a ser encontrados nas valas comuns que se sabe existirem, ou, de todo impossível, nos casos onde não existe sequer corpo.

Estas declarações foram produzidas no âmbito da apresentação do documento que contém a Estratégia do Executivo Angolano de Médio Prazo para os Direitos Humanos 2018-2022, que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos leva a consulta pública em Dezembro.