Na gravação estão seis dois milhares de vítimas da repressão que se seguiu ao 27 de Maio, que relembram que ao fim de 42 anos "ainda não sabem em que valas comuns estão os seus pais, nem receberam certidões de óbito".

O 27 de Maio surge quando o então ministro da Administração Interna, Nito Alves, que também era membro do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), foi acusado de fraccionismo e de encabeçar uma tentativa de golpe de estado para derrubar o Presidente Agostinho Neto.

Neste vídeo está João Van-Dunem, 42 anos, filho de José Van-Dúnem e de Sitta Vales, ambos mortos durante este processo, que sublinha, citado pela Lusa, a importância de "reabilitar a honra política" das vítimas do 27 de Maio.

"Hoje não se sabe onde estão os corpos, nem a data exacta da morte. O que se sabe é que ninguém teve a possibilidade se de defender em julgamento das acusações de que eram alvo", reafirmou.

Governo muda discurso oficial sobre 27 de Maio

Este pedido surge, no entanto, após a garantia dada pelo Governo de João Lourenço de que vai aprovar um estudo para reparação de danos sofridos pelas vítimas de repressão do 27 de Maio, entre outro momentos ocorrido desde 1975.

O anúncio foi feito no início de Março pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, que falava na 125ª sessão ordinária do Comité para os Direitos Humanos das Nações Unidas.

Segundo o governante, o estudo prevê ressarcir as vítimas dos massacres da guerrilha e da guerra, bem como dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 27 de Maio de 1977.

De acordo com o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Angola vive hoje um novo ciclo político, inaugurado pelo Presidente da República João Lourenço, que dá garantias de que os direitos humanos assumiram outra dimensão e atenção.

O governante lembrou que durante 15 anos de paz o país registou progressos na defesa dos direitos civis e políticos, sobretudo na preservação dos direitos, deveres e garantias fundamentais.

"Nota-se, com efeito, um novo impulso nos direitos humanos, políticos e civis, destacando-se o encontro com as organizações mais representativas da sociedade civil, a comutação de penas de oito cidadãos presos e a libertação de quatro outros, condenados por crimes contra a segurança do Estado, e a elaboração de um estudo para reparar os danos sofridos pelas vítimas de repressão, pelos défices de governação e por perseguição política, entre os quais as vítimas do "27 de Maio" (de 1977), dos massacres da guerrilha e outras vítimas da guerra", afirmou.