Segundo várias opiniões recolhidas pelo Novo Jornal Online, o presidente do partido já cumpriu o seu papel e o momento é apropriado para descansar. "Ao esticar a data da realização do congresso extraordinário para o mês de Abril do próximo ano, dá sinal de que o homem não quer sair", comentaram alguns membros do CC interpelados pela nossa equipa de reportagem.

Segundo constatou o Novo Jornal Online, no intervalo da 5.ª sessão ordinária do CC, esta manhã, em Luanda, era notável o clima de desagrado, com os membros do CC em grupinhos a resmungarem comtra a intervenção do presidente do partido.

Para o professor universitário Matias Rafael Kamba, "José Eduardo dos Santos não está conformado com a sua saída no poder".

"Quando era Presidente da República, José Eduardo dos Santos, raras vezes ia à sede do partido, mas hoje semanalmente vai três a quatro vezes", referiu.

A opinião do professor universitário é partilhado pelo analista político, Carlos Sampaio Pires Samba.

Segundo este, o MPLA não pode esconder os momentos difíceis que enfrenta nesta fase de transição. "Para mim, no MPLA existem duas alas e estas podem dificultar a boa transição política que se pretende", adicionou.

"Em 2016 disse que iria abandonar a política activa em 2018. Com o discurso de hoje concluímos que ele (José Eduardo dos Santos) tem ânsia do poder", acredita.

Já o jurista Santos Edgar Samora entende que a intervenção do presidente do MPLA contraria a viragem da página na história de Angola, quando em 2016 disse que iria abandonar a vida política activa.

"José Eduardo dos Santos já cumpriu o seu papel. Toda a sua juventude foi em defesa da pátria. Não precisa de ter medo, porque os angolanos o respeitam", destacou, salientando que a continuar na liderança do partido "pode ainda danificar as boas acções que fez em prol de Angola".

No encontro de hoje, o presidente do MPLA comprometeu-se a engajar-se pessoalmente na comissão que irá coordenar a implementação da estratégia do partido para as primeiras eleições autárquicas.

José Eduardo dos Santos considerou a realização das autarquias locais como a principal tarefa do partido.

"Ao nível do Secretariado do Bureau Político, prometi envolver-me pessoalmente no grupo de trabalho que vai coordenar a implementação da estratégia do partido, para preparar as condições durante o ano de 2018, para a participação com êxito nas eleições autárquicas, na data que for aprovada", explicou.

José Eduardo dos Santos disse ainda que o partido deve começar a preparar, desde já, as suas estruturas, a mobilização de militantes, simpatizantes e amigos para a disputa deste pleito eleitoral, do qual pretende sair vitorioso.

O Comité Central está ainda a apreciar os relatórios de balanço sobre as eleições gerais de 2017, do Bureau Político, da Comissão de Disciplina e Auditoria do CC e o e Contas da Execução do Orçamento Geral do Partido, referente ao ano de 2017.

Em discussão encontra-se igualmente a análise da informação síntese sobre as linhas de força relativas à participação do MPLA no processo de implementação das autarquias locais em Angola e sobre os planos de apoio à produção nacional, promoção das exportações e substituição das importações.

O Comité Central é o órgão deliberativo máximo do MPLA, que estabelece a linha de orientação política do Partido, no quadro das decisões dos congressos.

Reúne-se, em sessões ordinárias, duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo presidente do Partido ou pelo seu Bureau Político.