Se o pedido de adesão à Organização Internacional da Francofonia tinha sido anunciado pelo Presidente João Lourenço, em entrevista concedida na sua recente visita a França, o pedido de adesão à Commonwealth foi anunciado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, nas redes sociais.

A integração de países lusófonos nestas organizações não é uma novidade, porque alguns já o são há vários anos, como é o caso de Moçambique na Commonwealth ou a Guiné-Bissau e Cabo Verde na Francofonia.

Mas o inverso é igualmente verdade, como é disso exemplo o acolhimento da Guiné-Equatorial no seio da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ou o pedido já feito para o efeito por vários países anglófonos, como a Namíbia, Austrália ou Suazilândia, por exemplo, ou francófonos, como o Senegal e as Ilhas Maurícias, mas também o Luxemburgo, a Ucrânia ou a Croácia, entre outros.

Estas organizações são essencialmente aproveitadas pelos países que não têm como língua oficial a que está na base da sua criação para estreitar relações baseadas na proximidade geográfica ou porque existem comunidades alargadas de seus nacionais em países que as integram originalmente.

Um exemplo é o que despertou o interesse do Luxemburgo pela CPLP, devido à larga comunidade portuguesa ali presente, mas também cabo-verdiana, ou a Ucrânia, cujo interesse se deve à importante comunidade ucraniana em Portugal.

Para Angola, tanto a Commonwealth como a Francofonia são organizações de presença natural e aconselhável face à vizinhança anglófona - Namíbia e Zâmbia - e Francófona - RDC, Congo-Brazzaville.

No entanto, para estas estruturas multinacionais, a adesão de países importantes, como é o caso de Angola, não deixa de ser aproveitada para sublinhar a sua própria pujança, como o fez Boris Johnson na rede social Twitter, onde afirmou que tal adesão à "família" é "esplendida", saudando-a efusivamente e afirmando esperar ver João Lourenço em breve no Reino Unido, ao mesmo tempo que elogia "as reformas" e o "combate à corrupção".

E o Presidente angolano já tinha aberto a porta a esta duas opções quando, em Paris, hnuma entrevista à Euronews disse: "A exemplo do que se passa com Moçambique, que está ali encravado entre países anglófonos e acabou por aderir à Commonwealth, também Angola está cercada, não por países lusófonos, mas por países francófonos e anglófonos. Portanto, não se admirem que estejamos a pedir agora a adesão à francofonia e que daqui a uns dias estejamos a pedir também a adesão à Commonwealth".

Todavia, como tem sublinhado alguma imprensa portuguesa, estas adesões surgem num momento periclitante nas relações entre Luanda e Lisboa, devido ao caso do ex-Vice-Presidente Manuel Vicente na justiça portuguesa, embora nenhuma das partes tenha feito notar que as entradas nas duas organizações seja uma consequência ou um castigo.