"Quem antes fazia a guerra em Cabinda eramos nós (referindo-se ao seu passado de dirigente da FLEC) e fomos também nós que assinamos a paz. Na província de Cabinda há sim uma paz absoluta em toda sua extensão", disse António Bento Bembe.

Segundo o deputado do MPLA, onde não há paz "não é possível notar a livre circulação de pessoas e seus bens tanto no período nocturno como no diurno", e isso, garante, acontece "em todos os locais de Cabinda".

Na opinião do ex-secretário do Estado para os Direitos Humanos, "o mais importante é que as autoridades competentes cumpram com o plano de desenvolvimento da Província de Cabinda para beneficiar a população que muito reclama de condições sociais".

O deputado manifestou a sua preocupação com "o contínuo estado degradante das condições sociais" das populações a nível dos quatro municípios da província que mais produz petróleo em Angola.

"Temos esperança quando ouvimos o actual Presidente da República a dizer que (o Governo) vai dar um maior enfoque à situação sócio-económica da província de Cabinda nos próximos tempos, no sentido de reverter o actual quadro de dificuldades em sectores como o dos transportes, energia, águas e da saúde", notou.

Referindo-se ao Fórum que dirige, Bento Bembe disse que a instituição, desde a sua criação, cumpriu a sua missão, não obstante haver algumas vozes contraditórias.

"Os ex-guerrilheiros da FLEC foram integrados na Forças Armadas Angolanas, muitas pessoas ocupam cargos de relevo nas instituições do Estado, outros são diplomatas. A missão foi cumprida", gabou-se.

Recorda-se que o Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação na província de Cabinda foi formalmente assinado em 2006 no Namibe.

O documento foi assinado pelo ministro da Administração do Território de Angola, Virgílio de Fontes Pereira, e pelo presidente do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD), António Bento Bembe, no Salão Nobre da Câmara de Namibe, na presença de governantes, políticos, diplomatas acreditados na capital angolana, líderes religiosos e tradicionais, para além de representantes da sociedade civil.

O acordo sobre o memorando foi alcançado entre o Governo angolano e o FCD numa reunião realizada a 14 e 15 de Julho de 2006, em Brazzaville, na República do Congo, onde foi também decidido um cessar-fogo entre as partes beligerantes, assinado entre as respectivas chefias militares no dia 18 Julho, na localidade de Chicamba, na província de Cabinda.

O acordo visava definitivamente o fim à luta armada iniciada há 31 anos pela independência do território pela Frente de Libertação do Enclave de Cabinda e estender a paz a todo o país, incluindo o enclave, depois de o acordo de Luena de 2002 ter juntado as Forças Armadas Angolanas e os generais da UNITA para pôr termo à guerra civil após a morte de Jonas Savimbi.

No entanto, uma facção da FLEC continua a emitir comunicados de guerra anunciado ataques às Forças Armadas Angolanas em Cabinda e a propor um acordo de paz.