João Lourenço e Bornito de Sousa vão encabeçar a lista do MPLA às eleições de 2017, soube o Novo Jornal de fonte do partido. A reunião do Bureau Político do MPLA desta quinta-feira, 1, colocou um ponto final nas especulações e nas expectativas geradas por José Eduardo dos Santos, aquando do anúncio, em Março deste ano, de que deixava a vida política activa em finais de 2018.

A reunião do Comité Central, agendada para esta sexta-feira, deve confirmar os dois nomes aprovados pelo Bureau Político, que afastou o nome de Paulo Kassoma como número 2 da lista que será sufragada em Agosto do próximo ano. Antes, o jurista Carlos Feijó, apontado como tendo sido uma aposta inicial de José Eduardo dos Santos, viu igualmente o seu nome ser afastado da concorrência.

Bornito de Sousa, apesar de o seu nome já ter sido várias vezes indicado como hipótese real para liderar os destinos do MPLA, era até quinta-feira uma peça estratégica que ainda não tinha sido movida no xadrez político do partido.

A sua escolha é provavelmente também uma aposta que José Eduardo dos Santos terá conseguido introduzir na mesa das decisões, já que João Lourenço parece ser a figura que congrega maior consenso.

O estado de saúde José Eduardo dos Santos, que nos últimos anos quatro anos tem andado em consultas em Barcelona, Espanha, terá pressionado o líder do MPLA, no poder há 37 anos, a abdicar das eleições de 2017, que, segundo fontes do MPLA, se afiguram um bico de obra, principalmente em Luanda, onde os partidos da oposição parece ter ganho um protagonismo que coloca em causa os interesses do partido no poder.

Apesar da decisão tomada de abandonar e de não ir às eleições para o ano, havia ainda quem, no seio do MPLA, defendesse a continuidade de JES como cabeça de lista em 2017, a fim de ajudar o partido a garantir a vitória no ano que vem, dado o peso e a importância que acumulou ao longo todos esses anos em que controla os destinos, não só do MPLA como do país. Fala-se também numa ala, sobretudo aquela detentora do poder financeiro que se formou à volta da figura do PR - na sua maioria militares -, que quis ainda assim ver o nome de JES no poder, pelo menos para permitir que enquanto acontece a transição, seja possível salvaguardar tudo aquilo que o império económico construiu.

João Lourenço, descrito como um quadro que reúne bastante popularidade, é apontado como um homem de equilíbrios no MPLA, e um cavalo de batalha sobretudo para alterar o quadro político-partidário em Luanda, onde o MPLA sente que perdeu muito do peso que tinha. Na ausência de uma autoridade do campo jurídico angolano como Carlos Feijó, a aposta em Bornito de Sousa terá sido reforçada devido ao facto de dominar dossiers bastante sensíveis, ligados à Constituição da República de 2010, e ao processo eleitoral, em que se vai revelando um ordeiro cumpridor dos desideratos traçados por Presidente José Eduardo dos Santos. Bornito de Sousa é igualmente apontado como um quadro a quem se lhe reconhece uma forte capacidade de articulação nas questões que tem que ver com um posicionamento ideológico do partido, a par de Manuel Nunes Júnior, Ju Martins e de António dos Santos França Ndalu.

No que à figura do Presidente José Eduardo dos Santos diz respeito, fonte do Novo Jornal avança que o partido estuda agora um estatuto que sirva de blindagem da sua figura no após 2018, quando largar a vida política activa.

Em Março deste ano, na abertura da 11.ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, para preparar o VII congresso do partido, realizado em Agosto, José Eduardo dos Santos anunciou que deixava a vida política activa em 2018. "Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política activa em 2018", anunciou José Eduardo dos Santos, depois de passar em revista o seu percurso no MPLA e na liderança de Angola. (...)

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