Na apresentação do seu livro "Angola: Estado-nação ou Estado etnia política?", realizada no último sábado, 3, na capital portuguesa, Marcolino Moco defendeu que a principal razão para explicar os conflitos nos países africanos é o facto de o Estado africano "ter copiado a estrutura das antigas metrópoles, e por isso não corresponder à verdadeira realidade africana, em que os Estados são compostos por populações que ainda não estavam totalmente integradas numa nação",

O autor e antigo primeiro-ministro angolano lembrou que apesar de haver "uma pluralidade de etnias e de regiões com interesses próprios", os estados continuam a ser "essencialmente centralizados".

Em declarações à agência Lusa, o hoje administrador não executivo da Sonangol reforçou que esse modelo de governação, com "demasiada" centralização, é uma influência dos Estados europeus, traduzida na desvalorização do problema da diversidade étnico-regional.

"As pessoas não querem que se fale nisso enquanto é uma realidade que nos corrói, cria guerra, golpes de Estado", adiantou, sublinhando ainda a "pouca vergonha" que é a alteração das Constituições por Chefes de Estado, para evitar que "protagonistas de outras etnias os possam incomodar e impedir de ter uma boa vida".

O autor defende a integração obrigatória desses grupos nos órgãos de gestão dos Estado, e a criação de "órgãos muito representativos de todas as etnias e regiões, onde pessoas de todas as etnias e todas as regiões se vejam representadas, independentemente de quem ganhou as eleições".