"Diz-se que cada médico cubano estará a ganhar entre seis a oito mil dólares por mês. Onde está a valorização do angolano, quando o médico cubano vem receber estes salários que não ganha em Cuba, nem no melhor dos seus sonhos", disse esta segunda-feira, em conferência de imprensa, o primeiro-ministro Sombra da UNITA, Raul Danda.

Raul Danda lamentou que o médico-chefe de serviço angolano, categoria máxima na carreira do Ministério da Saúde, ganhe aproximadamente 405 mil Kwanzas, e o médico assistente graduado receba 395 mil Kwanzas.

Quanto à situação nos hospitais, o Governo Sombra da UNITA entende que a pandemia Covid-19 "não devia fazer com que os hospitais tivessem os seus serviços condicionados, porquanto o Executivo deveria construir hospitais de campanha e criar alas nos hospitais existentes para o tratamento de pacientes da Covid-19".

Por outro lado, a UNITA constata, com "bastante apreensão e tristeza, que a Covid-19, por um lado, e a malária bem como outras doenças respiratórias agudas, as diarreicas e outras, por outro lado, são encaradas de forma diferente", disse Danda.

"A Covid-19, que pode atingir toda a gente, do Palácio Presidencial ao cidadão da aldeia, tornou-se preocupação central, transformada em doença de todos, enquanto a malária e outras doenças ficam relegadas a terceiro plano por serem as doenças que apenas atingem e matam os pobres", acrescentou Raul Danda, que condenou, de forma "veemente", o uso excessivo e desproporcional de força contra cidadãos indefesos que já fez cinco vítimas mortais.

Para Raul Danda, "num momento em que o País vive o estado de emergência, que vai na sua terceira prorrogação, o saneamento básico e a higienização deveriam ser condições indispensáveis para tornar eficazes as medidas de combate não só contra a Covid-19, mas também contra a malária, a tuberculose, a cólera e outras doenças tropicais.

"A Covid-19 veio desvendar que afinal os programas que o Executivo vinha anunciando como sendo o PIIM, a "Água Para Todos", o "Combate à Pobreza", entre outros, não passam da propaganda política a que o regime sempre nos habituou", frisou.

O Governo Sombra criticou, por outro lado, o despacho presidencial nº 65/20, onde o Presidente da República autoriza a despesa e formaliza a contratação simplificada para a aquisição do condomínio Ngombe, uma área infraestruturada com 200 residências, na comuna de Calumbo, município de Viana, província de Luanda, no valor de 24.976.189, milhões de dólares e cada residência custará 124.880 mil dólares.

"O que é que motivou a aquisição dessas casas? Onde estão as grandes casas recentemente confiscadas dos que o Executivo do Presidente João Lourenço chama "marimbondos"? O que se está a fazer com os bens imóveis arrestados na centralidade do Sequele, no Kilamba, na Vila Pacífica, no Kilamba Kiaxi, no Talatona, na baixa de Luanda, entre tantos outros? Em momento de contenção de gastos, haverá alguma coisa que possa justificar tamanha falta de senso?", perguntou.