Fonte da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que solicitou o anonimato, disse à agência Lusa que o encontro entre Isaías Samakuva e João Lourenço terá lugar esta tarde, sem a presença da imprensa.

Isaías Samakuva, que se encontrava na província do Huambo, deslocou-se hoje a Luanda para ser recebido pelo Chefe de Estado, supondo-se que a audiência seja em reacção à carta enviada, segundo a mesma fonte.

O conteúdo da carta enviada ao Presidente não foi revelado, mas fonte oficial da UNITA disse à Lusa, no Huambo, que está ligada aos últimos acontecimentos relacionados com a cerimónia das exéquias fúnebres do líder fundador da UNITA, cujo impasse se mantém.

A partir do Andulo, onde o Governo depositou os restos mortais de Savimbi numa unidade militar, vários dirigentes da UNITA garantiram hoje à Lusa que o corpo ainda não foi entregue à família e ao partido, tendo indicado que mais pormenores só ao fim da tarde, sem confirmarem, porém, a ida de Samakuva a Luanda.

O impasse começou na terça-feira com o processo de entrega dos restos mortais de Jonas Savimbi, morto em combate em 22 de Fevereiro de 2002, na província do Moxico e onde foi igualmente sepultado.

De acordo com a UNITA, os restos mortais deveriam ter sido entregues no Kuíto, província do Bié, onde foi concentrada toda a delegação e participantes no acto, mas o Governo anunciou que foram deixados no município do Andulo, também no Bié, mas no norte, numa unidade militar local.

Na ocasião, Samakuva considerou que a troca do local de entrega do corpo de Savimbi constituía "uma humilhação" para a família e para a UNITA, enquanto Pedro Sebastião, ministro de Estado e da Casa de Segurança do Presidente da República, acusou o partido de estar a querer tirar "dividendos políticos" da situação, garantindo que todos sabiam onde o Governo iria entregar os restos mortais.

No Huambo, capital da província homónima, o secretário provincial adjunto da UNITA, Américo Wongo, admitiu à Lusa que Samakuva "poderia ter seguido para Luanda".

"Depois desta humilhação que a família biológica e partidária passa, Samakuva entendeu enviar uma carta ao Presidente de Angola para buscar os porquês, se o Presidente está por dentro da situação ou se alguém está a violar o que foi acordado", afirmou Américo Wongo.