O arroz, a farinha de trigo e o açúcar são os produtos onde o aumento do preço nos grandes armazéns informais da cidade de Luanda mais se faz sentir.

O Novo Jornal Online esteve em alguns destes armazéns e constatou que o saco de açúcar de 50 quilos, que ainda há menos de uma semana custava 7 800 kwanzas e está agora a ser vendido a 9 mil, o saco de 25 quilos de arroz passou, em igual período, de 2 800 kwanzas para 4 050 e o saco de 50 kg de farinha de trigo saltou dos 5 800 para os 6 500 kwanzas.

Este é um preço que, como explicaram ao Novo Jornal Online alguns revendedores, não se vai manter até às eleições porque "as pessoas não escondem que estão agora a comprar mais coisas por causa do medo que têm do que possa acontecer depois de 23 de Agosto".

Esta subida substancial dos preços surge em contramão com aquilo que vem acontecendo nos últimos meses. Se as eleições foram responsáveis, pelo menos ao que aparenta, pela diminuição dos preços nos últimos meses e o fim da escassez que se vivia no fim de 2016 e início de 2017, agora as mesmas eleições estão a empurrar os preços em sentido contrário.

Alguns comerciantes, preferindo o anonimato, admitiram que esta corrida aos produtos essenciais começou de forma mais clara no início da passada semana, embora já se notassem sinais disso antes.

Em alguns produtos, na venda a retalho, a subida nos preços foi mais íngreme, como, por exemplo, sucedeu com o saco de 250 gr de arroz passou de 100 para 200 kwanzas enquanto o feijão galgou dos 400 para os 600 Akz. O garrafão (bidon) de 25 litros de óleo alimentar aumentou mil kwanzas, de sete para oito mil, o que, como admitiram alguns clientes, "faz muita diferença nas contas de casa" ao fim do mês.

Lamini Condé, de nacionalidade guineense, disse ao Novo Jornal Online que também os importadores estão a mostrar receio de trazer mais produtos para o país, co0mo é o seu caso, porque "não sabem como será o país depois das eleições", sublinhando que "nestas coisas, todo o cuidado é pouco".

O economista Fernando Nascimento é de opinião que os órgãos competentes de fiscalização deviam mostrar-se mais activos nestes momentos para evitar que alguns se aproteitem destas alturas para ganhar dinheiro com o medo das pessoas.

"Não é fácil compreender que, após um longo período de estabilidade nos preços e na disponibilidade de produtos no mercado, de um momento para o outro, os preços tenham disparado", disse, deixando entender que na sua opinião algo não está a fazer sentido e as autoridades deviam averiguar, porque é muito provável que se esteja perante um fenómeno claro de especulação.