Isto, depois da prolongada polémica sobre a vinda e não-vinda de uma missão de observadores da União Europeia (UE), cujo desenlace, já durante a campanha eleitoral, foi que já não era possível ter um grupo alargado de observadores, tendo Bruxelas optado por uma pequena equipa de peritos, muito menos abrangente e limitada.

Após uma reunião entre os cinco elementos da equipa de peritos da União Europeia e o presidente da CNE, André da Silva Neto, que teve lugar na tarde de segunda-feira, a porta-voz da Comissão, Júlia Ferreira, disse aos jornalistas que a presença destes cinco elementos foi aplaudida.

Com uma abrangência confinada a pequenas áreas importantes no conjunto do processo eleitoral que culmina a 23 de Agosto, este conjunto de peritos europeus terá uma abordagem qualitativa, no sentido em que não realizará, ao que tudo aponta, um relatório extenso de carácter público, como, por exemplo, aconteceu em 2012, onde não se ficou a conhecer o conteúdo da análise feita nessas eleições.

Da parte da CNE, a única coisa que se ficou a saber após este encontro, que marca o fim de uma prolongada polémica entre as autoridades angolanas e o Parlamento Europeu, com alguns deputados a acusarem Luanda de não querer uma missão de observação europeia nas eleições, é que foi informada pelos peritos enviados por Bruxelas que "não irão fazer a indicação de observadores para participarem nas eleições gerais do dia 23 de Agosto, mas irão participar neste processo na qualidade de peritos".

Por parte da UE, e na voz da sua encarregada de negócios em Angola, Joana Fisher (na foto), ficou claro que a posição oficial é que este encontro serviu apenas para fazer as devidas apresentações.

Por entre elogios à qualidade das relações entre a União Europeia e Angola, Fisher explicou ainda aos jornalistas que neste encontro foi pedido à CNE que proporcione informações sobre o enquadramento legal com que os peritos europeus deverão trabalhar para responder às exigências desse mesmo quadro legislativo.

Apesar de limitado e com acção muito menos abrangente que aquela que teria com a presença de uma missão de observação integral, a equipa de peritos enviada por Bruxelas, segundo Fisher vai contactar os actores relevantes do processo eleitoral, nomeadamente os partidos políticos, e proceder a uma análise qualitativa.

Outra das abordagens que os peritos vão fazer é analisar como é que os diferentes processos eleitorais, de 2008 até hoje, avançaram, sendo que no de 2008 a União Europeia esteve presente com uma missão de observadores e em 2012 com apenas uma pequena equipa de peritos que não tornou público qualquer relatório produzido a partir do seu trabalho no terreno.

Também nas eleições gerais de 23 de Agosto não haverá qualquer tomada de posição pública, embora esteja prometida, para consumo interno dos deputados e das estruturas da UE, uma análise aos mecanismos legais que moldam os actos eleitorais em Angola comparativamente com aqueles que são os padrões internacionais aplicados a eleições democráticas.

Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.

As eleições gerais de 23 de Agosto contam com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.

Vão estar na disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.

O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.