Dirigindo-se aos angolanos, numa das últimas vezes em que o fez como Chefe de Estado, tendo liderado na quarta-feira o último Conselho de Ministros, José Eduardo dos Santos considerou estarem criadas as condições para se iniciar agora um novo ciclo económico "sem o país dependente do petróleo", sublinhando o esforço feito para diversificar o tecido produtivo nacional.

Com as eleições gerais a escassos seis dias de distância, e com uma escassa referência à votação de quarta-feira próxima, o Presidente da República apontou a ida às urnas como sendo uma etapa das "sementes lançadas à terra" que "estão a germinar e de que o povo angolano vai, de certeza, colher bons frutos a médio prazo".

O Chefe de Estado, que conduz os destinos de Angola desde 1979 e que agora deixa o poder, com a marca mais vincada sobre estas quase quatro décadas no poder a ser a conquista da paz em 2002, colocou o enfoque deste que foi um dos seus últimos discursos nessa qualidade, na mudança profunda incutida na economia do país.

José Eduardo dos Santos lembrou, citado pela Lusa, que "em tempo oportuno" foi accionada uma estratégia para fazer face à crise, com vista a dar início a "um novo ciclo económico de estabilidade, não dependente do petróleo, como principal fonte de receita fiscal e de exportações do país".

O processo de diversificação económica, o aumento da produção interna, a redução das importações, o fornecimento do tecido empresarial nacional, a promoção e criação de emprego, bem como a diversificação das fontes de receitas fiscais e de divisas foram temas bem presentes e vincados pelas palavras do Presidente da República no seu último Conselho de Ministros.

Na mesma ocasião, e depois de agradecer aos seus ministros pelo empenho colocado ao serviço de Angola e da procura de soluções para os problemas que enfrentaram, Eduardo dos Santos salientou como essencial para que o país tivesse conseguido lidar eficazmente com a crise a sua capacidade de adaptação e a rápida resposta aos constrangimentos com soluções adequadas a cada uma das necessidades.

Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.

As eleições gerais de 23 de Agosto contam com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.

Vão estar na disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.

O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.