A eurodeputada portuguesa Ana Gomes, que já esteve em Angola em 2008, integrada na missão de observadores da União Europeia, adiantou que neste momento, a três semanas do acto eleitoral de 23 de Agosto, seria impossível reunir as condições mínimas para garantir a deslocação de, pelo menos, 200 observadores, que, nota, já deveriam estar no terreno.

Ana Gomes, que sublinhou não ser porta-voz para esta missão em particular, disse, todavia, que este desfecho resulta da persistente recusa das autoridades de Luanda em responder às exigências normais para o envio de uma missão de observadores eleitorais da União Europeia.

E deu como exemplo o caso do Gana, que, para as eleições realizadas em 2016, naturalmente respondeu positivamente ao mesmo tipo de exigências colocadas agora a Angola e que são condições fixadas independentemente dos países onde se realizam eleições e fazem o convite.

Convite esse que a eurodeputada sublinha que deve ser feito com alguns meses de antecedência, por forma a permitir os preparativos necessários, incluindo os logísticos, à deslocação de um tão numero grupo de observadores.

Este desfecho surge depois de uma prolongada troca de palavras entre a União Europeia e a Comissão Nacional Eleitoral sobre os porquês do atraso na confirmação da deslocação da missão de observação europeia.

Há cerca de uma semana, o presidente da CNE, André Silva Neto, garantia que os convites tinham sido enviados e que tudo estava preparado para a vinda dos observadores europeus, caso aceitassem fazê-lo.

Também o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, avisou há poucos dias que Angola não iria conceder nas exigências da União Europeia porque tinha feito um convite aberto a todos os organismos e organizações.

Admitindo que as condições europeias estavam garantidas, como, por exemplo, a segurança e a possibilidade de deslocação em todo o território, Chikoti sublinhu que o país não poderia abrir uma excepção colocando isso num acordo escrito.

Apesar de este cenário impedir uma missão integral de observadores europeus, como disse ainda ao Novo Jornal Online a eurodeputada Ana Gomes, poderá suceder que, tal como em 2012, venha a ser enviada para Angola uma equipa de peritos europeus constituída normalmente por duas a três pessoas e, por isso, sem a mesma capacidade de apreciação do processo eleitoral.

Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.

As eleições gerais de 23 de Agosto contam com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.

Vão estar na disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.

O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.