Para a oposição, no que respeita à listagem dos empréstimos e linhas de crédito, cenário idêntico nunca aconteceu durante a administração de José Eduardo dos Santos, que sempre omitiu a soma dos empréstimos obtidos no exterior.

Reagindo o discurso do Presidente da República, João Lourenço, o vice-presidente da Bancada Parlamentar da UNITA, Estevão José Pedro Kachiungo, lamentou as dificuldades que os angolanos estão enfrentar e espera que durante o seu segundo ano do seu mandato, o Executivo de João Lourenço altere o quadro.

"Foi bom esclarecer estes empréstimos aos deputados e aos angolanos. Agora não ficou bem claro como é que a Assembleia Nacional vai acompanhar a aplicação destes montantes", disse, defendendo ainda que, apesar de longo, o discurso "não trouxe novidades".

Também segundo a UNITA, mas desta vez sublinhado pelo seu porta-voz, Alcides Sakala, a forma como João Lourenço avisou para a necessidade de ser cumprida a lei do repatriamento de capitais é importante, mas aproveitou para lembrar que só em Dezembro - quando termina o prazo - se "saberá até que ponto é a sério" e haverá consequências para aqueles que não cumprirem.

O presidente da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, encorajou a luta contra corrupção levada a cabo pelo Executivo liderado pelo Presidente, João Lourenço, mas manifestou o seu descontentamento com nível de vida dos angolanos a degradar-se desde que ascendeu ao poder.

"Não pode ainda fazer o balanço como ele próprio PR afirmou. Entendo que esteve numa fase de aprendizagem a julgar pelas dificuldades que ele enfrentou", reconheceu Chivukuvuku, frisando que "a grande luta não é só o combate a corrupção, mas sim a moralização da sociedade".

Sobre as eleições autárquicas em todo o País, o líder da CASA-CE percebeu, pelas explicações do Presidente da República, que o problema está na incapacidade e não no gradualismo. "Encorajamos o senhor Presidente da República a continuar a efectuar as suas reformas para o bem-estar dos angolanos", concluiu.

O líder do PRS, Benedito Daniel, reconheceu também haver boa vontade política por parte do chefe do Executivo para resolver os gritantes problemas que os angolanos enfrentam encorajando-o a manter a trajectória.

O secretário-geral do MPLA, Álvaro Manuel de Boavida Neto, entende que a intervenção do PR ajusta-se à realidade do País elogiando a forma como o seu discurso foi abrangente.

Questionado sobre as posições da oposição que alegaram que o discurso não trouxe novidades, Álvaro Manuel de Boavida Neto respondeu: "É o papel da oposição contrariar, mas o PR foi real na sua explanação".

Reacções sobre de igrejas

O Chefe de Estado anunciou ainda que as igrejas que actuam ilegalmente vão começar a ser encerradas a partir de Novembro, em consequência da decisão do Governo de extinguir as plataformas ecuménicas no País para "normalizar o exercício da liberdade da religião, crença e culto", e criticou algumas seitas religiosas que cobram somas exageradas em dinheiro e colocam as famílias angolanas mais pobres.

O Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, arcebispo emérito de Luanda, referindo-se ao assunto, disse que este caso deve ser tratado de uma maneira "muito séria".

"O Presidente da República é cristão e neste momento o Cardeal não faz declarações não preparadas", resumiu.

Já o líder da igreja tocoísta, Dom Afonso Nunes, também pediu ao Executivo para que o assunto seja tratado com prudência.

"Nos tempos bíblicos, Deus utilizou réis para disciplinar a actividade religiosa, o importante é que o Governo trate o assunto com ponderação", concluiu.