Um dos sinais da importância desta força, que integra militares e especialistas civis em situações de crise de sete países, incluindo Angola, é a formalização da acusação de um grupo de oito militares acusados do assassinato do general Khoantle Motsomotso, em Setembro último e que deu início à actual crise que o país vive e que levou à intervenção decidida pela cúpula de Chefes de Estado e de Governo da SADC.

Ainda acusados, noutro processo que também só agora surgiu espaço para proceder à acusação, esta um grupo de cinco militares, incluindo um brigadeiro, de tentativa de homicídio de um jornalista que seguia e reportava de forma crítica a actuação das chefias militares.

Para além desta tentativa de assassinato, o oficial foi ainda acusado, na sexta-feira, como reporta a imprensa local, de homicídio de um agente da polícia durante uma tentativa de golpe de Estado em 2014.

Este procedimento da Justiça do Lesoto é apontada como essencial para garantir que este pequeno país encravado na África do Sul e composto por território densamente montanhoso, encontra o aminho para a sua normalização constitucional, sendo actualmente o único que ainda não despegou da prática de golpes de Estado para forçar mudanças no poder que foi comum em vários países da sub-região após as independências, tendo manido esse registo periódico até agora e desde que conquistou a independência do Reino Unido em 1966.

A força composta por 300 elementos, a maioria militares, mas também pessoal da inteligência, polícias e alguns especialistas civis na gestão de crises da SADC é comandada por Angola enquanto actual país líder do Órgão de Política, Defesa e Segurança (OPDS) da organização.

Esta força foi apresentada no Sábado em Maseru, capital do país, pelo almirante Gaspar Rufino, Secretário de Estado para a Política de Defesa Nacional, em representação do Presidente João Lourenço.

A presença no Lesto deste contingente está previsto para durar seis meses mas pode ser prolongada e é composta por homens e mulheres de Angola, Malawi, Namíbia, África do Sul, Zâmbia, Tanzânia e Zimbabué.

Recorde-se que o despoletar desta crise levou os Presidentes da África do Sul, Jacob Zuma, actual presidente da SADC, e de Angola, João Lourenço, que lidera o OPDS, a terem várias reuniões que antecederam o envio deste contingente, a principal das quais em Luanda, há cerca de duas semanas, antes de o Chefe de Estado de Angola ter realizado a visita de Estado à África do Sul.

Colocar um ponto final na crise do Lesoto é um ponto essencial da agenda de Zuma e também de João Lourenço porque é a única mancha no registo de todas as democracias da Árica Austral, devido à sua perene instabilidade.