"Senhor Presidente da República, pedimos encarecidamente a vossa prestimosa ajuda. Temos de acabar com esses males que enfermam o ordenamento da província", referiu, quando fazia o balanço de campo do Presidente da República, João Lourenço, que visitou várias infra-estruturas.

Na opinião do governador provincial de Luanda, a ingerências por parte de altas figuras do poder em Angola "bloqueiam o normal desempenho dos órgãos do Governo da Província de Luanda".

Em 2016, quando Higino Carneiro substituiu Bento Bento no cargo de primeiro secretário do MPLA, este afirmou também que "o general Francisco Lopes Higino Carneiro deve disciplinar os generais que muitas das vezes impossibilitam as actividades dos governadores na capital do país".

Acrescentou que Luanda "tem muitos chefes, toda a gente manda em Luanda" e que pelo facto, Higino Carneiro teria de "disciplinar essa gente".

"Aqui, todo o mundo manda em Luanda, todo o mundo fecha a água, tira a água, todo mundo é general", disse Bento Bento, reiterando o apoio a Higino Carneiro.

"Quem me vem substituir é o camarada general Higino Carneiro por indicação do camarada presidente José Eduardo dos Santos. Portanto, camaradas, é uma indicação superior do camarada José Eduardo dos Santos. O presidente é o superior gestor de quadros do MPLA. Ele sabe o que está a fazer", disse.

Para o sociólogo, Fernando Bany "enquanto não haver autarquias, essas interferências vão continuar a incomodar qualquer membro eleito como governador de Luanda".

"Tudo centralizado. Até a reabilitação de uma simples rua de um bairro é uma obra de âmbito central. Como é que não vai haver interferências?", questionou.

Para o analista político, António Sampaio Varela, "numa cidade onde há Comandante-geral da Polícia, comandante provincial da Polícia, ministro da Saúde, director provincial da Saúde (...) e ministro dos Transportes e director provincial dos transportes tem de haver sempre interferências.

"Há quem tendo problemas, ao invés de ir ao comando provincial da polícia dirige-se directamente ao Comando-Geral e as decisões saem a nível superior. Como é que fica o papel do homem da província?", questionou.