"Para combatermos os males que afectam a nossa sociedade, era de facto essencial estabelecer primeiro uma plataforma de entendimento, que nos fizesse agir - partido e Estado - na mesma direcção e com o mesmo firme propósito", disse hoje, em Luanda, João Lourenço, no encerramento de um "seminário de capacitação sobre a prevenção dos tipos de crimes a que estão sujeitos os titulares de cargos públicos, organizado pelo grupo parlamentar desta força política, sob o lema "MPLA e os desafios à corrupção".

João Lourenço reiterou que o combate à corrupção não é uma tarefa fácil, prevendo encontrar pela frente vários obstáculos.

"Temos consciência de que o combate à corrupção não é uma tarefa fácil, porque vamos encontrar pela frente interesses profundamente enraizados que podem pôr eventualmente em causa agentes públicos que colocam os seus interesses pessoais e de família acima do interesse público", afirmou.

Para o vive-presidente do MPLA, "foi importante ter sido recordado aqui pelo presidente do partido, José Eduardo dos Santos, que o programa de reforma do anterior governo financiado pelo sector petrolífero foi "gravemente" afectado pela quebra dos preços desse produto no mercado internacional.

"Essa é mais uma razão para deixarmos de depender de um único produto para exportação, até porque não é credível que o petróleo volte a atingir os elevados preços que alcançou no passado", acrescentou.

João Lourenço condenou actos ilícitos que tentam contra a dignidade e a credibilidade do Estado.

Essas acções, segundo João Lourenço, mancham os representantes junto do povo, quer sejam da parte de deputado, membros do Executivo ou gestores de uma empresa pública.

Na abertura do seminário, segunda-feira, o Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos disse que o seu partido deve liderar o combate à corrupção e ao nepotismo, males susceptíveis de manchar a imagem do Estado angolano, do governo e da força política que dirige o país.

Para o líder partidário, o MPLA deve posicionar-se na linha da frente para construir uma sociedade mais justa, solidária e inclusiva.

Defendeu a divulgação das leis e medidas existentes ou necessárias para, de modo pedagógico, prevenir crimes atentatórios à probidade pública, cujo combate se encontra na agenda das sociedades modernas.

Lembrou que a corrupção já tem sido definida como o segundo principal mal que afecta a sociedade depois da guerra, tendo em conta os excessos praticados por agentes públicos e privados, que obtinham de forma ilícita vantagens patrimoniais para si ou para terceiros, em prejuízo do bem comum, transgredindo a lei e a norma de comportamento social.

Quanto ao nepotismo, referiu que apesar das várias definições e discussões à volta do tema, os cidadãos qualificados não deviam deixar de ser nomeados pela razão de parentesco, ao contrário do branqueamento de capitais, sempre condenável, por estar subjacente uma actividade ilícita.