Confiante na vitória nas eleições gerais que hoje se realizam, o cabeça-de-lista do MPLA antecipou, ontem, numa conferência de imprensa com órgãos de comunicação internacionais, as linhas orientadoras que traçou para a sua liderança.

"Penso que terei todo o poder. Só não teria todo o poder se tivéssemos dois Presidentes no país, o que não é o caso", disse João Lourenço, citado pela agência Reuters.

Com estas palavras, o candidato do MPLA à Presidência da República rejeitou a ideia de que a permanência de José Eduardo dos Santos como líder do MPLA seja um entrave à governação.

"Vai mudar um ciclo político dentro da mesma família política. Mas que haverá mudanças, haverá", reforçou João Lourenço, elegendo a recuperação económica como o principal desafio.

O Presidente Agostinho Neto lutou e conseguiu a independência para o nosso país, o Presidente José Eduardo dos Santos trabalhou para a paz e a reconciliação entre os angolanos, entre outras coisas de bem que fez, e a minha missão será melhorar a economia do nosso país. Se me permitem a expressão, sem querer ser muito sonhador, eu gostaria de passar para a história como o homem do milagre económico de Angola. Eu irei perseguir esse objectivo", adiantou o ex-ministro da Defesa, citado pela agência Lusa.

João Lourenço abordou ainda o combate à corrupção, sublinhando que a "lei é para todos".

"Desde que haja indícios muito fortes do cometimento de um crime, com certeza que a Justiça é livre de actuar", asseverou.

O candidato à sucessão de José Eduardo dos Santos votou pouco depois das 09:25, na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, tendo apelado de seguida a todos os eleitores para fazerem o mesmo e mostrou-se tranquilo quanto à escolha que vão fazer.

Estas são as 4ªs eleições por voto directo e universal desde que Angola optou pelo multipartidarismo em 1991.

E contaram com seis forças políticas a disputar os 220 lugares no Parlamento e ainda a eleição do Presidente da República e do Vice-presidente, que são, respectivamente, o primeiro e o segundo nome das listas apresentadas pelo círculo nacional.

Estiveram em disputa pelos votos dos 9,3 milhões de eleitores, conforme o sorteio que ditou a disposição no boletim de voto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que propõe Isaías Samakuva para Presidente da República, a Aliança Patriótica Nacional (APN), cujo cabeça de lista é Quintino Moreira, o Partido da Renovação Social, cuja aposta para a Presidência é Benedito Daniel, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tem João Lourenço para substituir José Eduardo dos Santos na Cidade Alta, a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com Lucas Ngonda a liderar a lista; e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), que apresenta Abel Chivukuvuku para Chefe de Estado.

O círculo nacional elege 130 deputados e os círculos das 18 províncias elegem 90, cinco deputados por cada uma delas, contando a Comissão Nacional Eleitoral com 12 512 Assembleias de Voto reunindo um total de 25 873 Mesas de Voto.