João Lourenço disse mesmo, com algum humor, que Portugal e Angola poderão ter dificuldade em encontrar novas áreas para expandir a cooperação, ao que, na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa procurou resolver, lembrando que o que liga Angola e Portugal não é já apenas amizade e cooperação mas sim "uma cooperação" alargada, no campo bilateral e no multilateral.

O Presidente angolano lembrou que os dois países têm relações praticamente desde a independência de Angola mas defendeu que os últimos sete meses foram de especial intensidade com 35 instrumentos de cooperação alargados a quase todas as áreas possíveis e existentes.

"Desde Setembro de 2018 os dois países conheceram visitas muito importantes, ao mais alto nível", disse, descrevendo a visita que o próprio fez a Portugal em Novembro do ano passado, a que o primeiro-ministro português, António Costa, tinha feito em Setembro desse mesmo ano a Luanda e agora esta, onde o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa está em Angola.

"Se as relações entre Angola e Portugal eram muito boas, agora vão consolidar-se muito mais", apontou João Lourenço, relembrado que neste curto período de tempo foram assinados 35 instrumentos de cooperação, 11 dos quais hoje.

E, em tom humorado, João Lourenço, disse que "é caso para se dizer" que quando voltar a Portugal ou o Presidente português regressar a Angola, "pode não haver mais acordos para assinar!", embora tenha garantido que alguma coisa se vai encontrar para manter esta caminhada e para que os dois países se mantenham de mãos dadas.

"Desejo que tudo corra pelo melhor nesta visita e que quando no Sábado nos disser adeus, que seja um adeus até breve", disse, dirigindo-se a Marcelo, o Chefe de Estado angolano na conclusão da sua declaração inicial, a que se seguiu a do seu homólogo português.

E Marcelo começou por lembrar que o seu primeiro acto oficial nesta visita de Estado foi a deposição de uma coroa de flores no Memorial Agostinho Neto onde está escrito, numa das paredes, que "o mais importante é resolver o problema do povo", uma citação de uma frase do 1º Presidente de Angola.

E foi com ela que Marcelo estruturou a sua intervenção, ao dizer que é também esse o objectivo principal deste esforço político de aproximação e consolidação da cooperação bilateral, que é "resolver o problema das pessoas".

"Quando estive com o Presidente João Lourenço, sai com a convicção de que se cumpriu esse desígnio, que com vontade política se está a resolver o problema das pessoas nos dois lados, os problemas dos angolanos e das angolanas e os problemas dos portugueses e das portuguesas", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

E, ainda segundo o Chefe de Estado português, as três visitas já citadas, de João Lourenço a Portugal e do primeiro-ministro português, António Costa, a Luanda e agora a sua a Angola, aconteceram com esse objectivo como azimute, o de "resolver o problema das pessoas", abrangendo todas as áreas onde existem questões por resolver e que são importantes para as pessoas, portugueses e angolanos.

Mas deixou um recado, ao frisar a importância de os 35 acordos assinados, 11 dos quais já hoje, "não fiquem no papel" e que sejam levados à prática, seja na área da educação, da agricultura, na segurança social, na questão da dupla tributação... que "só foi possível alcançar com uma fortíssima vontade política" que é evidente dos dois lados.

Marcelo apontou ainda para mais longe, sublinhando que entre Angola e Portugal já não existe apenas amizade e cooperação, existe uma "verdadeira parceria" que é bilateral e multilateral, e que se prolonga para o relacionamento entre África e a Europa, na ONU, na CPLP, no Golfo da Guiné...

Sobre a visita de Estado que hoje começou, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que o programa foi preparado pelo Presidente João Lourenço ao qual vai "fazer tudo para corresponder" também com o afecto porque, citou, "um afecto por vezes vale mais que mil intenções".

Seguiram-se as respostas às questões colocadas por jornalistas dos dois países.