A informação foi avançada esta quinta-feira, durante uma entrevista concedida pelo Chefe de Estado à Deutsch Welle (DW), em que João Lourenço declarou, sobre os primeiros 11 meses do seu mandato à frente da presidência do País, que fez mais do que era esperado com um "conjunto de medidas corajosas", e em que, em jeito de desvalorização das críticas de Isabel dos Santos de que País é pouco atractivo aos investidores, afirmou não querer "entrar em mesquinhices deste tipo para uma cidadã que sendo nacional desencoraja o investimento para o seu próprio país", rematando: "É o único comentário que eu tenho a fazer".

De lembrar que, em Junho, enquanto o Chefe de Estado promovia na Europa a melhoria do ambiente de negócios em Angola, como forma de atrair investidores estrangeiros, a empresária Isabel do Santos questionava a capacidade de resposta do país.

"Qual o investidor que vai entrar se não dão autorização aos actuais investidores estrangeiros para levarem os lucros em dólares?", perguntava a gestora, através do Twitter.

Durante a entrevista, e sobre a visita de Christine Lagarde a Angola, João Lourenço disse que irá analisar com a directora do FMI assuntos ligados a projectos e programas a serem financiados pelo Fundo, revelando que Angola vai beneficiar do financiamento do Fundo Monetário Internacional "em condições melhores que o crédito de outros bancos, bancos comerciais".

"Vamos ganhar com isso, não temos receio, sabemos que quando se fala de FMI têm-se a ideia de que é um bicho papão de que é preciso ter cuidado. Depende. Os programas do FMI não são todos iguais. Não estamos a falar de um resgate como o que aconteceu noutros países europeus, como Portugal ou a Grécia. Não é disso que se trata, é um outro tipo de ajuda financeira, que não tem a gravidade que tem um programa de resgate", esclareceu o PR.

João Lourenço falou ainda sobre a luta contra a corrupção, que tem sido uma das bandeiras da sua presidência, tendo mesmo dito, em Julho, no Parlamento Europeu, que Angola estava numa cruzada contra a corrupção e a impunidade. À pergunta "Quais serão os próximos passos nessa cruzada?", do jornalista da DW, o PR disse que "nesta luta há acções que dependem não apenas do poder político"., reforçando que "o poder político está a fazer a sua parte".

"Há outra parte que depende dos cidadãos, que devem denunciar, e há uma parte muito importante em qualquer democracia que depende da Justiça. E aí eu não posso interferir, eu não posso dizer exatamente o que a Justiça vai fazer. Só sei dizer que alguns casos já estão com a Justiça e qual será o desfecho daqui para frente só eles próprios poderão dizer", terminou.

Sobre se o repatriamento de capitais já começou, João Lourenço foi lacónico, dizendo que "não, nem podia ter começado, porque a lei estabelecia um prazo que só vence no final deste ano, creio que em Dezembro. Portanto, antes desse período, não é de se esperar que comece".