"No quadro da necessidade de moralização da nossa sociedade, importa que levemos a cabo um combate sério contra certas práticas - levadas a cabo quer por gestores, quer por funcionários públicos - que em princípio lesam o interesse público, o interesse do Estado, o interesse dos cidadãos que recorrem aos serviços públicos", sublinhou hoje o Chefe do Estado e do Executivo.

João Lourenço falava na cerimónia de tomada de posse do novo elenco da Inspecção-Geral da Administração do Estado (IGAE), liderado agora por Sebastião Domingos Gunza, comissário da Polícia Nacional que assume o lugar de Joaquim Mande, exonerado na passada segunda-feira, 20, cerca de dois meses depois de ter ordenado que fossem arquivadas todas as inspecções realizadas entre 1 de Janeiro de 2013 e 30 de Agosto deste ano.

Recorde-se que a decisão de Joaquim Mande, afastado a seu próprio pedido - de acordo com o decreto presidencial que oficializou a sua saída da IGAE - foi muito criticada enquanto medida promotora da impunidade.

O "indulto" pôs fim, entre outros processos, a inspecções decretadas pelo ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos, como, por exemplo, às contas do Ministério da Saúde de 2015 e 2016, para analisar a despesa contraída e por pagar. Isto depois da denúncia do Fundo Global do desvio de cerca de 4,3 milhões de dólares em valores destinados ao programa de combate à malária em Angola.

Sem apontar nenhum caso em concreto, João Lourenço garantiu empenho na luta contra actos lesivos do Estado.

"Esperamos que a tão falada impunidade nos serviços públicos tenha os dias contados", disse o Chefe do Estado e do Executivo, lembrando, porém, que este é um combate de médio-longo prazo.

"Não é num dia, naturalmente, que vamos pôr fim a essa mesma impunidade, mas contem com a ajuda de todos nós", adiantou João Lourenço, confiante nos resultados destes esforços.

"Acreditamos que, paulatinamente, vamos passo a passo caminhar para a redução e posterioramente eliminação da chamada impunidade".