De acordo com o jornal Estadão, "o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, assinará um memorando de entendimento esta sexta-feira, em Luanda, no âmbito da visita a Angola.

O desenvolvimento surge pouco mais de uma semana depois da viagem ao Brasil do ministro das Finanças, Archer Mangueira, marcada também pela assinatura de compromisso bilateral, destinado a "alavancar futuros empréstimos e linhas de crédito para investimentos" em Angola.

Agora em Luanda, cabe ao chefe da Diplomacia do Brasil rubricar o pacto entre os dois países.

"Apesar dos problemas ocorridos após o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) ter congelado a linha de crédito para Angola -- na esteira de investigações da Lava Jato que envolveram construtoras como a Odebrecht --, o Fundo de Garantia à Exportação (FGE) dará cobertura às operações. O financiamento poderá ser concedido tanto por bancos públicos como privados", lê-se no Estadão.

Segundo o jornal, o "Governo voltará a dar garantias para o financiamento das exportações de bens e serviços destinados a Angola, com limite de dois mil milhões de dólares".

A vinda do governante brasileiro a Luanda permitirá também preparar a visita de João Lourenço a Brasília, prevista para Maio.

Para além da audiência com João Loureço, o ministro das Relações Exteriores do Brasil tem agendados encontros com o seu homólogo, Manuel Domingos Augusto, e com o ministro das Finanças, Archer Mangueira.

Projectos em Angola financiados pelos BNDES suspensos em 2016

Como o Novo Jornal Online noticiou a 12 de Outubro de 2016, o BNDES, profundamente envolvido no escândalo de corrupção que varreu o Brasil, suspendeu diversos projectos em Angola por causa do "Lava Jato", cujo pilar estava assente na petrolífera brasileira Petrobras.

Directamente afectados, entre outros, segundo um comunicado do BNDES, foram as obras no Polo Agro-industrial de Capanda, o aproveitamento hidroeléctrico de Laúca (AH Laúca), o alteamento de Cambambe, e a segunda central da barragem de Cambambe, num total de 808,8 milhões de dólares.

No comunicado do BNDES soube-se que foram afectados "financiamentos contratados a exportações de serviços de engenharia das empresas Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez", envolvendo vários países.

Depois deste escândalo, o Brasil reviu toda a sua estratégia de internacionalização para as suas empresas e as linhas de crédito com diversos países, sendo Angola um dos mais visados devido à significativa presença de interesses brasileiros no país.

Recorde-se que na ocasião, estas decisões tomadas em Brasília criaram um certo incómodo no Governo angolano que chegou mesmo a pedir explicações para a suspensão dos financiamentos, alegando não haver nada que o justificasse, apesar das suspeitas e acusações a correr nos tribunais brasileiros envolvendo figuras importantes angolanas.

Os financiamentos brasileiros em Angola partem de um acordo geral assinado em 1980 e que define os contornos do relacionamento bilateral nesta matéria.