O governante norte-americano aterra hoje à noite na capital angolana e tem, na segunda-feira, o dia mais importante da agenda com um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, que vai ocorrer antes da reunião denominada "Diálogo de Parceria Estratégica" que vai envolver ainda um conjunto alargado de ministros que integram o Executivo liderado por João Lourenço.

O mecanismo denominado "Diálogo de Parceria Estratégica" foi criado em 2010, e resulta da formalização de uma comissão bilateral, em 2010, com o objectivo de estreitar as relações entre os dois países, tendo, na altura, surgido como a 3º Parceria Estratégica assumida por Washington em África, a par da Nigéria e da África do Sul.

Nas declarações de responsáveis norte-americanos sobre Angola, são comummente sublinhadas a importância de Angola nos esforços de resolução de crises no contexto pan-africano, a sua posição geoestratégica e a condição de grande produtor de petróleo, um dos maiores fornecedores dos EUA no continente

No entanto, o relacionamento entre Luanda e Washington nem sempre esteve à altura daquilo que comummente de define como uma parceria estratégica, tendo os dois países, em Agosto de 2016, tentado relançar essa mesma ligação com uma reunião de alto nível em Washington, onde a comitiva angolana foi liderada pelo então ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos.

Mas foi com a chegada ao poder de João Lourenço e com a abertura gerada pela sua Presidência que os EUA se têm aproximado mais de Luanda e vice-versa, sendo de destacar que o próprio Presidente João Lourenço, antes de ter sido eleito, ainda como ministro da Defesa, manteve uma série de contactos de alto nível com a Administração norte-americana.

É ainda verdade é Angola é um dos pontos quentes da política externa de Washington no "combate" à crescente influência da China no continente africano graças às suas gigantescas linhas de crédito.

Entretanto, no âmbito desta visita de J. Sullivan a Luanda, os dois governantes assinam , também na na segunda-feira, um memorando de entendimento nas áreas da "segurança e da Ordem Pública.

Apesar de não constar da agenda oficial divulgada pelos serviços de assessoria do MIREX, J-Sullivan deverá ser recebido pelo Presidente da República no Palácio da Cidade Alta.

Da agenda faz parte uma conferência de imprensa de Sullivan e Manuel Augusto onde, entre outras questões, falarão do conteúdo do memorando de entendimento e do processo de construção da parceria estratégica entre Luanda e Washington.

O norte-americano far-se-á ainda presente nesse dia numa conferência sobre comércio e investimento que vai ter lugar num hotel do centro da cidade.

Para amanhã, Domingo, o Secretário de Estado-Adjunto tem na agenda um encontro com activistas dos Direitos Humanos e ainda uma conversa com gestores das companhias dos EUA com presença no país, especialmente no sector dos petróleos.

J.Sullivan ocupa um cargo que na Administração norte-americana corresponde sensivelmente, no sistema angolano, a uma espécie de secretário de Estado das Relações Exteriores, sendo que o cargo de Secretário de Estado nos EUA acumula ainda com a chefia do Governo, equivalendo ao primeiro-ministro num regime presidencialista como é o norte-americano, tendo responsabilidades mais abrangentes que a política externa de Washington.