"Não vamos desistir, mesmo dois anos estamos aqui. Desde que, em 2010, o Tribunal Constitucional lhe deu a legalidade, Lucas Ngonda transformou o partido numa sua propriedade", disse ao NJOnline, o militante Carlos Koxe.

O grupo que está em Luanda desde o dia 12 de Agosto do ano passado começa a enfrentar problemas para conseguir a alimentação diária.

Segundo apurou o NJOnline, desde que o grupo acampou à frente da sede do partido, Lucas Ngonda nunca ali apareceu para dialogar com os militantes, na sua maioria acima com mais de 60 anos de idade.

"Que presidente é esse que não quer enfrentar os militantes do seu partido?", interroga-se o militante da FNLA Esteves Muanda.

Para estes militantes, Lucas Ngonda não aparece nos encontros marcados porque sabe que lhe vão pedir justificações.

"A FNLA é um partido histórico mas corre o risco de desaparecer devido à ganância do seu líder. Por isso, não vamos permitir que isso aconteça", lamentam, acusando o Tribunal Constitucional de ser responsável pela "tragedia" que assola esta organização partidária.

Os militantes alegam que o suposto congresso que Lucas Ngonda realizou no Huambo não tem validade legal por incorrer em muitos vícios, não ser representativo e violar os princípios estatutários.

Uma fonte próxima a Lucas Ngonda desvalorizou estes protestos alegando que os seus mentores pretendem "assaltar a liderança do partido".

"Lucas Ngonda é presidente reconhecido pelo Tribunal Constitucional. Não faz sentido mobilizar militantes para se concentrarem na sede do partido, onde estão a passar mal desnecessariamente", argumentou a fonte.

A divisão da FNLA remonta ao ano de 1997, altura em que Lucas Ngonda convocou um congresso à margem dos estatutos, rejeitado entretanto pelo já falecido líder fundador do partido, Holden Roberto.

Em 2004, Holden Roberto decidiu convocar um congresso no qual foi reeleito presidente da FNLA, Lucas Ngonda foi eleito primeiro vice-presidente e Ngola Kabango segundo vice-presidente, resultados, entretanto, rejeitados por Lucas Ngonda, que até hoje lidera a FNLA.