O responsável pela diplomacia angolana usou o termo "confirmadíssima" para se referir à deslocação oficial de João Lourenço a Portugal que o NJOnline já tinha noticiado na sexta-feira, a partir de notícias da imprensa portuguesa, ao mesmo tempo que avançava com a confirmação de que o primeiro-ministro português, António Costa, vai estar em Luanda no próximo dia 17, sendo que a visita oficial está marcada para o dia seguinte.

Com as deslocações oficiais de João Lourenço a Portugal a 23 e 24 de Novembro e a de António Costa a Angola no dia 18, Angola e Portugal abrem um novo capítulo nas relações bilaterais.

Isto, porque, se por um lado, João Lourenço já tinha afirmado publicamente que, depois de resolvido o imbróglio criado pelo envolvimento do ex-Vice-presidente, Manuel Vicente, num processo judicial em Portugal, estavam criadas as condições para a retoma das boas relações entre Luanda e Lisboa, a verdade é que no momento anterior à deterioração desse relacionamento, ainda era José Eduardo dos Santos que capitaneava a governação angolana.

Com a deslocação de António Costa a Angola e a de João Lourenço a Portugal, a relação, quase sempre considerada de excelente, entre os dois Estados, está agora de volta à navegação longe da tempestade recente.

Aparentemente, embora ainda não sejam conhecidos os programas oficiais de uma e de outra visita, tudo indica que os dois países pretendem reforçar a componente económica das relações entre Luanda e Lisboa, como, de resto, o afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Augusto Santos Silva, que acompanhou de perto todo este processo, porque tinha estado em Luanda, no início de 2017, a preparar a então programa visita de Costa a Luanda antes de rebentar o "caso" Manuel Vicente, o que levou à anulação dessa visita e ainda da visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van-Dúnen, afirmou recentemente que os laços comerciais e de investimentos entre Portugal e Angola são "muito intensos", o que impõe uma dimensão relevante à economia nos programas das duas deslocações oficiais.

Certo parece também estar a assinatura de um novo programa de cooperação.

De lembrar que João Lourenço, em declarações aos jornalistas, após ter discursado no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, em Julho, assegurou que as relações com Portugal "estão boas" e que visitaria o país logo que estivessem criadas as condições.

"Sabe que as visitas a este nível, a nível de chefes de Estado, têm de ser preparadas com uma certa antecedência. Nós acordámos com as autoridades portuguesas que, antes da minha deslocação a Portugal, devo receber o primeiro-ministro português em Angola. Este processo está em curso, posso garantir que, de acordo com a agenda do próprio primeiro-ministro, António Costa, ainda este ano a visita vai acontecer", avançou.

Questionado sobre se a visita oficial de António Costa a Angola estaria condicionada pelo processo do ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, o chefe de Estado angolano afiançou que não.

"Absolutamente não. Só depende do acerto de calendários. Não tem nada a ver com o processo Manuel Vicente", reforçou.

No entanto, em Junho, o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, tinha afirmado, em Bruxelas, que a visita do primeiro-ministro português a Luanda "já poderia ter tido lugar antes" se não fosse o processo judicial em Portugal envolvendo ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente - entretanto transferido para a justiça angolana.