Em nota publicada nesta quinta-feira, 14, no seu site, o partido no poder não poupa nas críticas dirigidas ao apresentador do programa, Salu Gonçalves, a quem apelida de "excêntrico e polémico" na condução de um programa que "era suposto" dar voz aos angolanos.

Referindo-se ainda ao apresentador que trocou a Rádio Luanda pelo Grupo Media Nova, o MPLA sublinha que este está a assumir um papel como se de um "órgão de soberania se tratasse", fugindo aos pressupostos que "regem a profissão, nomeadamente: informar, formar e entreter".

"O "Fala Angola" está a ser subtilmente transformado num tribunal à hasta pública, palco de exposição gratuita da vida privada de outrem", atira a nota do partido no poder.

Referindo-se aos casos de crimes relatados no programa, o MPLA realça que, "em momento nenhum, é passível a intromissão em assuntos de foro jurídico que ainda estejam sob o segredo de justiça", instando os responsáveis do programa a pautarem-se por uma conduta que preserve a "presunção".

Em face do comunicado do MPLA, o NJ tentou, sem sucesso, ouvir a direcção da TV Zimbo. Entretanto, uma fonte influente ligada à estação mostrou-se perplexa quanto à "falta de idoneidade" no comunicado publicado na página do partido que suporta o governo.

"Nem parece um comunicado feito com a profundidade que se exige a um partido que governa o nosso país. Contudo, é bom saber que as pessoas estão atentas ao programa.

Estamos a identificar problemas que são públicos e notórios. As reclamações talvez se devam ao perfil do apresentador, mas não difere daquilo que faz o Ecos e Factos [da TPA], que me parece mais agressivo. O programa surgiu em resposta ao pedido de uma Terceira República, na qual se quer mais transparência", disse a fonte, que preferiu o anonimato.