"Tudo o que tem um começo tem um fim", disse José Eduardo dos Santos, ao confirmar, hoje, que deixa a vida política em 2018 por vontade própria.

Para alguns dos militantes, a decisão é a prova de que o ex-Chefe de Estado, honrou a sua palavra, para outros, no entanto, é apenas resultado de pressões internas do partido.

"O presidente do nosso partido honrou o seu compromisso, ao anunciar o abandono da vida política este ano. Foi uma atitude positiva para o nosso líder que tem vindo conduzir os destinos do partido com êxitos", disse ao Novo Jornal Online Alfredo Muazi, membro do MPLA.

Segundo Alfredo Muazi, o presidente do seu partido já cumpriu o seu dever, por ter passado toda a sua juventude, e agora velhice, ao serviço do partido.

Um outro membro, Januário Simão Caponga, destacou o empenho de José Eduardo dos Santos, que dirige o destino do partido desde 1979.

"O nosso presidente do MPLA já cumpriu a sua missão. Ao anunciar que vai deixar a vida política, esta é uma boa atitude", referiu Januário Simão Caponga.

Posição contrária é manifestada por Ernesto Kufica, que afirmou que a decisão do presidente José Eduardo dos Santos "é fruto de uma pressão interna".

"Alguns membros influentes do MPLA aconselharam o presidente a abandonar a direcção do partido. Não foi por sua livre vontade", declara Ernesto Kufica, salientando que a situação da bicefalia foi o motivo da pressão.

De acordo com Ernesto Kufica, a depender do presidente do MPLA, este poderia permanecer até fim do seu mandato na direcção do partido, até 2021.

O membro Campos Armando Kusso entende que a decisão de José Eduardo dos Santos aconteceu num momento oportuno e alegra os militantes.

"Fez bem, o presidente, porque a oposição e outros sectores da sociedade já comentavam que o homem nunca ia abandonar a presidência do partido. Mas hoje, decidiu", afirmou.

José Eduardo dos Santos afirmou, hoje, que o partido deve reter tudo o que fez de positivo e estabelecer novos objectivos para os seus militantes.

"Devemos mobilizar as estruturas da nossa organização e militantes porque a coesão interna é a chave de sucesso no seio do MPLA, referiu.

"Na altura recordo-me de ter dito, em linhas gerais, aqui nesta sala, que tudo o que tem um começo tem um fim, porque é assim a dialéctica da vida", frisou.

Congresso marcado para Setembro

O Comité Central do MPLA apreciou uma informação do Bureau Político sobre a realização, em Setembro próximo, do 6.º Congresso Extraordinário do Partido.

Esta reunião extraordinária resulta de uma decisão do Comité Central, saída da sua 5ª Sessão Ordinária, de 16 de Março último.

O Comité Central é o órgão deliberativo máximo do MPLA, no intervalo dos congressos, que estabelece a linha de orientação política do Partido, no quadro das decisões superiores.

Reúne-se, em sessões ordinárias, duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo Presidente do Partido ou pelo seu Bureau Político.

O MPLA realiza o 6º Congresso Extraordinário na segunda quinzena de Setembro para a eleição de um novo presidente, em substituição de José Eduardo dos Santos.