Para o membro do colégio presidencial da CASA-CE, Manuel Fernandes, ainda é grande o número de cidadão sem o registo civil em Angola. O deputado defende a realização de campanhas massivas de registo civil nas zonas rurais por forma a contrariar esta situação.

"Vêm aí as eleições autárquicas, e muitas pessoas que vivem nas zonas rurais, e não só, não estão registados. É urgente as autoridades competentes tomarem medidas face à situação", sugeriu.

O deputado independente pela UNITA, Sediangany Mbimbi, defende que, da mesma forma que o Executivo vai ao encontro dos cidadãos nas zonas rurais quando há registo eleitoral, também o pode fazer com o registo civil.

"Quando há eleições é rápida a emissão dos cartões de eleitores e inclusive nas zonas de difícil acesso, mas quando é o registo civil há sempre transtornos. Isso não é justo", lamentou.

O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, também critica a falta dos serviços de identificação em quase todos os municípios do País.

"Os serviços de identificação devem ir ao encontro do cidadão, como era feito na época colonial. Mas hoje milhares de angolanos estão sem identificação, numa altura em que vamos realizar as eleições autárquicas, as pessoas não têm bilhetes de identidade", disse.

Preocupado está também o membro do PRS, António Cruz Jamba, que não compreende porque é que os cidadãos têm enormes dificuldades para fazer os seus registos.

"Se em plena capital do País, Luanda, é que o se vê para tratar de documentos, imaginemos os nossos compatriotas que vivem no interior", concluiu.

Recorde-se que, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, afirmou recentemente que cerca de 10 milhões de cidadãos, entre crianças e adultos, estão sem registo de nascimento.

A título de exemplo, indicou, os dados do registo civil de 2018 revelam que foram registados, neste período, 1.519.800 cidadãos, perfazendo uma média de 126.650 registos por mês, e 4.221 registos, por dia.

Estando a população angolana à volta dos 28 milhões de habitantes e o crescimento demográfico, segundo o Instituto Nacional de Estatística, situar-se, actualmente, nos 3,3% por ano, significa que a cada ano haverá cerca de 924.000 novos cidadãos.