"O que nos falta para traçarmos os caminhos de um futuro promissor para África?", questionou o Chefe de Estado, na sua intervenção, depois de destacar as pontencialidades do continente.

"África é o berço da humanidade, continente populoso e com tendência a crescer, se tivermos em conta que tem as mais altas taxas de fecundidade e de natalidade", indicou o Presidente da República, sublinhando que para além da riqueza em recursos humanos, o continente possui "a maior reserva de recursos minerais do mundo, incluindo do bem mais precioso de todos: a água".

Apesar de todo esse potencial, João Lourenço reconheceu que continuamos a ser "o continente menos desenvolvido do ponto de vista económico, portanto com menos capacidade de satisfazer as necessidades básicas das nossas populações".

Perante este quadro, o também titular do poder executivo assinalou que "vimos assistindo ultimamente a um êxodo massivo de emigrantes em direcção à Europa e outras paragens, em busca de melhores condições de vida, oportunidade de emprego e de superação na vida".

"É caso para nos interrogarmos: em que falhámos?", interrogou João Lourenço, reiterando a importância da aposta nos homens.

"Ao longo do tempo, o continente perdeu a favor de terceiros aquilo que de melhor sempre teve: se por um lado perdeu pela via da escravatura os seus melhores filhos, a sua mão-de-obra, continua hoje a perder os seus melhores quadros formados nas universidades dos países mais desenvolvidos e que os aliciam a ficar para desenvolver as suas economias", apontou.

Para além da perda de recursos humanos, o Chefe de Estado sublinhou que África assiste à delapidação dos seus minérios.

"Continuamos a perder os nossos recursos minerais, que são exportados em bruto sem criar nos nossos países valor acrescentado e postos de trabalho qualificados".

"Precisamos de industrializar o nosso continente. Só assim vamos criar riqueza e bem-estar para os nossos cidadãos"

Para o Presidente da República, "África precisa de vencer três grandes desafios: acabar com a analfabetismo, electrificar-se e industrializar-se para se poder desenvolver".

Nesse sentido, João Lourenço salientou a necessidade de o continente ser capaz reter cerébros - nomeadamente mão-de-obra qualificada, quadros superiores, cientistas e investigadores -, bem como "valorosas peças de arte, matéria-prima em estado bruto e até fortunas pessoais que deviam servir as nossas economias e continuam a sair de África para o resto do mundo, em condições desfavoráveis".

Reforçando a ideia de que "precisamos de ter a capacidade atrair para África o que há de melhor no mundo", o Presidente da República deu como exemplos dessa mobilização "o conhecimento, os avanços da tecnologia, o capital, o investimento privado" e o "know-how para transformar localmente as matérias-primas".

"Precisamos de industrializar o nosso continente. Só assim vamos criar riqueza e bem-estar para os nossos cidadãos, e emprego como a principal fonte para todas as oportunidades", acrescentou, o Chefe de Estado, confiante na mudança.

"Vejo o futuro de África com optimismo, porque este sonho é realizável se tivermos em consideração que a Ásia, por exemplo, conseguiu dar este salto em menos de meio século, tendo passado de importadores para exportadores de produtos de alta qualidade para o mercado internacional, competindo com os países do dito primeiro mundo", indicou João Lourenço.

Por fim, o titular do poder Executivo lembrou que o desenvolvimento africano deve salvaguardar o meio ambiente.

"África vai-se desenvolver, mas defendemos um desenvolvimento sustentado, que respeite e preserve e natureza, ainda quase virgem em alguns dos nossos países, a nossa flora e fauna protegidas e preservadas, nossos rios protegidos da poluição".