Em Nova Iorque para participar na 73ª Assembleia-Geral da ONU, onde vai discursar na quarta-feira, João Lourenço preencheu a agenda da estadia na cidade que "nunca dorme" para ir ao fórum empresarial e de negócios EUA-Angola, organizado pela AmCham-Angola, despertar os empresários da maior economia do mundo para o potencial nacional.

E escolheu o universo dos minerais e metais para convidar os investidores norte-americanos a apostarem no mercado angolano, destacando a indústria do aço - até porque são conhecidos os depósitos de ferro no sul do país -, mas também de outros minerais, como o "ouro, cobre e metais raros por explorar" que o Plano Nacional de Geologia (Planageo), cuja primeira fase foi conhecida o ano passado deu a conhecer, com destaque, entre outras "riquezas", para a extensão em território angolano, na ordem dos 100 mil km2, das vastas jazidas de cobre da Zâmbia e do Katanga, na RDC.

Realizado na segunda-feira, este fórum empresarial, uma iniciativa da Câmara do Comércio dos EUA e da sua extensão angolana, a AmCHam-Angola, reuniu cerca de 180 homens de negócios, avançando com um "bónus" para quem aceitar o desafio de olhar para Angola como um país onde vale a pena apostar: a concessão em aberto dos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB).

As linhas dos CFB são, como relembrou João Lourenço perante os homens de negócios dos dois países, citado pela Angop, uma importante via de escoamento dos minérios dos vizinhos Zâmbia e República Democrática do Congo, por via do Porto do Lobito, na província de Benguela, facilitando e encurtando as linhas de escoamento que até aqui tinham obrigatoriamente de passar pelos países do Índico, como Moçambique e Tanzânia, com mais custos e muito mais tempo de percurso.

João Lourenço apontou ainda para alguns projectos de grande envergadura, como a construção do Porto da Barra do Dande, na forma de parceria público-privada, mas também na banca, seguros, petróleos e agriculturas, onde Angola vai, em breve, apostar na privatização das empresas estatais que operam nestas áreas.

Recorde-se que o novo porto marítimo na Barra do Dande chegou a estar atribuído a uma empresa ligada a Isabel dos Santos, a Atlantic Ventures, através de um decreto Presidencial assinado por José Eduardo dos Santos que João Lourenço anulou por entender que não tinham sido atendidos todos os preceitos legais.

A obra esteve mesmo orçada em cerca de 1,5 mil milhões de dólares, de acordo com o decreto do anterior Presidente da República, de 20 de Setembro de 2017, escassos dias antes da tomada de posse de João Lourenço, que ocorreu a 24 desse mesmo mês.

No caso do porto da Barra do Dande, o processo voltou à estaca zero depois de João Lourenço ter anulado, em junho deste ano, o contrato para a construção da infraestrutura, no valor de 1.500 milhões de dólares (1.282 milhões de euros), atribuído pelo então Presidente angolano José Eduardo dos Santos a uma empresa liderada pela sua filha, a empresária Isabel dos Santos.

Tudo, como lembrou também o Chefe de Estado, emoldurado por uma nova Lei da Concorrência e do Investimento Privado, mais ligeira e desburocratizada.

E amanhã, a estreia no maior palco mundial

O Presidente da República vai discursar perante a Assembleia-Geral das Nações Unidas que se reúne pela 73ª vez em Nova Iorque na quarta-feira, dia em que passa um ano da sua tomada de posse, sendo de esperar que João Lourenço aproveite para explicar ao mundo as transformações que está a operar em Angola.

O Chefe de Estado, que viajou para os EUA no Sábado, subirá ao púlpito do mais importante palco no que toca à lide de assuntos planetários, para se apresentar ao mundo e dizer o que pensa sobre os assuntos em agenda para esta 73ª AG da ONU, como o combate às pandemias e à proliferação das armas, entre outros, mas também para dar garantias de que as transformações que está a induzir em Angola são para continuar e concluir, nomeadamente o combate à corrupção e pelo desenvolvimento económico e social.

O ministro das Relações Exteriores, que acompanha João Lourenço em Nova Iorque, disse, aquando da partida para os EUA, que João Lourenço tem em mente que "existe uma grande expectativa" sobre aquilo que o Presidente vai dizer perante os líderes mundiais, tanto internamente como fora do país.

A visibilidade que a transição política em Angola ganhou em todo o mundo poderá crescer ainda mais se o resultado que vier a ser conseguido com as alterações produzidas em Angola ajudar a consolidar um novo rumo em África, onde as organizações pan-africanas, como a UA, procuram erradicar a maior das pandemias continentais: a corrupção.

O Chefe de Estado, que está em Nova Iorque acompanhado também pela sua mulher, Ana Dias Lourenço, aproveitando esta presença em Nova Iorque, vai intervir ainda no fórum empresarial EUA-Angola, que tem lugar hoje.

Paralelamente a esta sua primeira presença numa AG da ONU, João Lourenço vai reunir com alguns homólogos, entre estes, os de Cuba e do Quénia.