"Não sabemos com que base vai Sapalo António impugnar os resultados do congresso", disse ao Novo Jornal Online Benedito Daniel, acrescentando que "não faz sentido tomar essa posição, porque a sua eleição foi decidida pelos militantes".

"Ele é livre de recorrer, mas a impugnação de um congresso obedece a prazos", ajuntou, evidenciando que se isso acontecer caberá ao Tribunal Constitucional resolver o problema.

Sapalo António argumenta que o conclave não cumpriu do partido. Para ele, realizou-se o congresso sem se ter feito as assembleias de núcleo. Por este facto, encaminhou a reclamação às entidades competentes e um advogado seu está a tratar do assunto.

"O actual presidente do partido PRS, Benedito Daniel, que foi candidato neste congresso, é um dos mentores de todas irregularidades", disse Sapalo António, defendendo a anulação do IV congresso ordinário do PRS, para que seja realizado outro dentro das normas e dos estatutos do partido.

Benedito Daniel lamenta haver pequenos grupos criados internamente para inviabilizar projectos do partido.

Na sequência da crise no PRS, João Baptista Ngandajina, membro fundador do PRS, já abandonou o partido este ano, por suposta violação dos princípios democráticos, das normas estatutárias e do funcionamento dos órgãos e das estruturas daquela formação política.

O antigo secretário-geral do PRS e ministro da Ciência e Tecnologia (no quadro do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional-GURN) disse na oportunidade não se rever nos métodos de trabalho e na forma como o partido está a ser dirigido.
João Baptista NGandajina, que no último congresso concorreu à liderança do partido, tendo sido derrotado por Benedito Daniel, acusou igualmente a direcção do partido de estar a afastar os melhores quadros e a fazer discriminação entre os membros da direcção.


"Não concordo com a crise de valores que o partido está a viver. Não aceito e nunca aceitarei a humilhação e a subalternização a que nos querem submeter. Rejeito as práticas que estão a ser usadas que, de certo modo, violam os princípios democráticos e da ética política. Por isso, decidi renunciar ao mandato de membro do Conselho Político, do Comité Nacional e suspender a militância no partido", disse.


João Baptista Ngandajina, que disse ter comunicado presencialmente a sua decisão ao líder do partido, admite que haja um tratamento diferenciado às figuras do presidente e do secretário-geral, mas não aceita que haja distinção entre os restantes membros da direcção do partido, pois violam-se os estatutos.


João Baptista Ngandajina afirmou que as supostas violações aos estatutos não estão a ser praticadas apenas agora, no mandato de Benedito Daniel. Arrastam-se desde o tempo do antigo presidente, Eduardo Kuangana. "Esse estado de coisas é que tem feito com que o partido tenha maus resultados nas eleições", disse NGandajina.

Recorde-se que o candidato Benedito Daniel foi eleito no ano passado como presidente do Partido de Renovação Social (PRS), durante o quarto congresso desta formação partidária.

Benedito Daniel, que exercia as funções de secretário-geral do partido e deputado à Assembleia Nacional, substitui Eduardo Kuangana, que abandona o cargo por doença.

Nestas eleições para o cargo de presidente do partido, concorreram também Sapalo António e João Baptista Ngandagina, que felicitaram o vencedor e se propõem continuar a contribuir para o fortalecimento do partido.