Isso mesmo ficou claro com a recomendação produzida pelo Conselho de Ministros da SADC, que reúne os responsáveis pelas diplomacias dos 15 Estados-membros, que este fim-de-semana terminou em Windhoek, na Namíbia, e que contou com a presença do ministro das Relações Estrangeiras, Manuel Augusto.

Segundo o MIREX, "esta decisão será efectivada na próxima Cimeira de Chefes de Estado da SADC", que terá lugar na Tanzânia, quando o Presidente John Joseph Magufuli assumira o lugar rotativo de líder da organização.

"Angola muito trabalhou na qualidade de presidente do Fórum Parlamentar da SADC", disse Manuel Augusto, para chegar a este ponto.

A SADC vai deixar de ser a única organização regional africana sem um Parlamento com esta abrangência.

O Parlamento Regional vai ser uma evolução natural do actual Fórum Parlamentar da SADC, órgão que não tem gerado grande entusiasmo na comunidade porque a sua actividade tem sido norteada por decisões de curto impacto transformador para a região austral.

Mas, apesar de agora tudo estar pronto para formalizar esse passo, não está claro que essa mudança garanta resultados diferentes porque o ponto que permitiu esta evolução é que o Parlamento não terá formalmente capacidade de influenciar decisões nacionais nem poderá interferir com decisões dos Parlamentos dos países da SADC.

Ao que tudo indica, este Parlamento Regional, de poderes objectivamente limitados, poderá ter como propulsor para as suas deliberações a capacidade de influência de cada um dos elementos que o vão integrar nos seus respectivos países, surgindo no horizonte como uma referência para eventuais opções de âmbito nacional ou consultivo, sendo que já é garantido que este órgão poderá fazer recomendações mas sem carácter vinculativo.

Mas uma das mais sublinhadas questões dos trabalhos na capital namibiana é que este Parlamento Regional vai emergir como uma espécie de fórum de discussão e análise do que é necessário fazer e quais os entraves existentes a uma mais sólida integração regional na nas suas mais diversas vertentes.

Sob o olhar dos parlamentares regionais vão estar ainda questões como os Direitos Humanos ou o esforço já definido como prioritário pela SADC no combate à corrupção e à má governação, até porque a SADC é a única sub-região africana que não tem formalmente constituído um Parlamento Regional.

Até que os Chefes de Estado e de Governo formalizem este Parlamento, na Cimeira de Agosto, na Tanzânia, de Windhoek saiu uma comissão regional com a missão de preparar todo o processo burocrático para concluir o processo de passagem de Fórum Parlamentar para Parlamento Regional da África Austral.

A questão financeira, todavia, poderá ser, como é usual, a mais complexa de resolver, porque a maior arte dos Estados-membros atrasam as quotas ror longos períodos, o que mantém a estrutura em permanente sufoco financeiro.

Maioritariamente sustentada pela África do Sul e por Angola, devido aos seus destacados PIB"s, os maiores da SADC, de longe, a organização tem sido fustigada por défices financeiros de tal modo graves que o seu funcionamento já foi questionado.

Agora, quando se prepara a criação do Parlamento e quando a liderança actual da SADC, a cargo do Presidente da Namíbia, Hage Geingob, tem insistido no avanço regional para uma nova fase de integração regional, especialmente quanto à expansão da zona de comércio livre, de que Angola é um dos ausentes mais notados, em Agosto é esperado que o tema das persistentes quotas em atraso ganhe maior peso entre os tópicos da agenda para a Cimeira de Agosto dos Chefes de Estado e de Governo