"Creio que está na hora de o Estado angolano ver uma forma de os ricos contribuírem para encher um bocadinho mais os cofres do Estado com o fruto dos dividendos da sua actividade", diz Tchizé dos Santos, em entrevista à agência Lusa.

Segundo a deputada e empresária, a legislação angolana é ainda "bastante branda" no que respeita às "fortunas individuais", situação que se pode alterar com a cobrança de um novo imposto, a "começar com aqueles que são ricos". Nesta categoria, Tchizé dos Santos destaca "aqueles que são accionistas das grandes empresas" e dá como exemplo os que "ganham mais de 500.000 dólares por ano".

A empresária, que não esclarece se faz parte desse grupo, lembra que o imposto sobre fortunas já é aplicado noutros países, defendendo que Angola deve assumir que tem ricos.

"Não importa como é que ganharam o dinheiro, que eles digam onde é que o dinheiro está, quanto é que é, que paguem uma taxa. A partir daí nós já sabemos onde é que o dinheiro está e todos os anos as Finanças enviam a cartinha: "Olhe, o seu dinheiro que está ali quanto é que rendeu este ano de juros, onde é que o senhor investiu e quais foram os dividendos? Pode mandar para cá os 30%", exemplificou.

Para a deputada, o imposto sobre as fortunas tem um potencial de retorno mais imediato para os cofres do Estado, quando comparado com o repatriamento coercivo de capitais.

"Leva mais tempo [o actual regime coercivo], porque daqui a um ano, eventualmente, não se vai conseguir resolver. Eu suponho que tenham de haver processos judiciais, o Estado vai pagar a advogados, vai tirar mais dinheiro dos cofres que já estão a sofrer para pagar a advogados em euros e em dólares", constata Tchizé, descrente sobre a eficácia desta operação.

"A forma coerciva resultaria se o Estado, na minha opinião, tivesse um pulmão financeiro de milhares de milhões de euros em empresas de advogados internacionais para andar atrás das pessoas e com o risco de não encontrar o dinheiro", reforça a deputada.

Pelo contrário, a empresária nota que a cobrança desse imposto traria resultados já no próximo ano, e representaria "uma arrecadação importante".