"Há projectos que se deveriam desenvolver e que foram consignados no Orçamento Geral do Estado sob responsabilidade do Governo central, nomeadamente os projectos ligados à energia e águas e também à reabilitação de estradas, mas que o governo central não os realizou", disse ao Novo Jornal Online o também deputado à Assembleia Nacional.

O deputado receia que a situação se agrave com a escolha do município de Menongue (capital da província) pelas autoridades governamentais para ser o único a realizar eleições autárquicas na região previstas para 2020, no quadro do gradualismo do processo.

"A implementação das autarquias locais, a partir de 2020, obedecendo ao princípio do gradualismo territorial, não é a estratégia certa para dinamizar o desenvolvimento socioeconómico da nossa província, já esquecida há muitos anos", argumentou.

A implementação das autarquias, com base no gradualismo territorial, segundo o responsável da UNITA, "vai aumentar a degradação das condições sociais básicas da população".

"Neste momento, a província do Kuando Kubango, com uma rede viária de 4.000 Km, tem apenas 400 asfaltados. Com as autarquias a terem lugar em todos os municípios, a situação ficaria minimamente resolvida", considerou.

Narrou que, por falta das estradas em condições, o município de Nakova se encontra isolado neste momento e só se vai lá de helicóptero. Face a esta situação, a administração deste município funciona na cidade capital, Menongue.

Na sua opinião, o desenvolvimento económico da província do Kuando Kubango terá de passar necessariamente pela solução de reabilitação das estradas principais, secundárias e terciárias.

"Numa província como a nossa, isolada, a falta de estradas e infraestruturas aeroportuárias deficientes, dificultam o desenvolvimento da actividade económica, principalmente nos municípios do interior."

Na sua opinião, as atenções das autoridades centrais e locais estão apenas viradas para a história da batalha de Kuito Kuanavale. "Sempre que chega a data, há movimentos de turistas e governantes no Kuando Kuabango. Mas estão esquecidos de que os habitantes deste município que eles alegam histórico carecem de quase de todos os serviços básicos".

Informou que a província necessita de pelo menos 2.500 professores, com vista a inserir cerca de 40 mil crianças que se encontram fora do sistema de ensino.

Na sua opinião, a falta de subsídio de isolamento e de outras condições faz com que muitos professores destacados nos municípios abandonem os seus locais de serviços, instalando-se na cidade de Menongue.

"A situação não é boa no interior da província do Kuando Kubango. Por exemplo, na comuna do Mucusso, no município do Dirico, há apenas uma enfermeira que funciona no único posto médico da localidade, cuja população é estimada em cerca de seis mil habitantes. A única enfermeira vê-se obrigada a atender todos os serviços do posto médico", lamentou, salientado que a mesma tem um ordenado mensal de Kz 60.000.00 por todos estes serviços.

Jamba votada ao abandono

Depois das autoridades terem já admitido a possibilidade de encerrar o antigo quartel-general da UNITA, na Jamba, e transferir as pessoas que ainda ali vivem para outro local em 2016, os moradores desta região, segundo o secretário provincial da UNITA, sentem-se descriminados.

"Na comuna da Jamba/Luyana, as pessoas que lá vivem não sentem os benefícios da paz. As autoridades não querem saber nada deles. Falta de tudo um pouco", queixou-se o secretário da UNITA, admitindo haver ainda indícios de ódio contra os habitantes que albergaram o quarta-geral da UNITA durante vários anos de resistência.

Na sua opinião, as infraestruturas que o Governo encontrou na Jamba têm servido para ajudar o Governo.